Morumbi ou Itaquerão? O que vale é o amor ao craque

Luis Augusto Simon

Do UOL, em São Paulo

Mobilidade urbana x capacidade. Apego ao passado e cuidado com gastos públicos. Esses eixos dominavam a discussão de torcedores presentes ao Morumbi para o jogo da seleção brasileira contra a Sérvia – vitória caseira por 1 a 0. Casais discordavam se o Morumbi poderia ter sido a sede da Copa. Alheia a tudo isso, a pequena Gabriela veio ao Morumbi – iria aonde fosse possível – apenas para gritar seu amor a Neymar.

Mika Ono, jornalista japonesa que vive no Brasil há tempos, definiu, em poucas palavras, a dualidade que cerca o Morumbi. "Lá dentro é muito bonito, adoro ver jogo aqui, mas aqui do lado de fora é o caos. Não tem estacionamento, não tem como chegar, não tem metrô.  Como seria na Copa?"

O corintiano Fábio Ferrer é mais didático. "Mo-bi-li-da-de ur-ba-na. Aqui é zero. É difícil de chegar. O Itaquerão era necessário, tinha de fazer um estádio novo mesmo. O Morumbi é ultrapassado".
 
Surpreendentemente o são-paulino Daniel, amigo de cerveja, concorda. "O São Paulo perdeu a chance de se renovar". Sérgio Luiz, também corintiano, renova os votos ao Itaquerão. "É muito mais conforto".
 
Os são-paulinos reagem às críticas. Desde a cúpula até o mais simples torcedor. "Quem pensa que o Morumbi está se despedindo da seleção, está engando. Aqui é o maior palco e a seleção continuará aqui. Cabe muito mais gente. Vai ter mais público hoje do que na abertura da Copa", diz o diretor João Paulo de Jesus Lopes. "E logo teremos aqui uma linha de metrô a 1109 metros", completa.
 
Paulo Afonso, de 31 anos, são-paulino discorda de João Paulo. "Eu acho que a politicagem vencer e que não vai ter mais jogos da seleção aqui não. Eu vim como despedida, estou até um pouco emocionado".
 
O amigo Luis Antonio, palmeirense, acha que o Morumbi poderia ter sido o estádio da Copa. "Há sete anos, era só fazer uma reforma ou outra e estava pronto. Hoje, não, falta mobilidade, falta estacionamento. E com o estádio do Palmeiras, o mais lindo do mundo, eles vão ter de fazer a Parada Gay aqui no Morumbi", afirmou.
 
O mexicano André Carmona vive há quatro meses no Brasil, com a mulher Cláudia e os gêmeos Pablo e Patricia. "É minha primeira vez aqui, parece bonito e aconchegante mas não sei se deveria se o estádio da Copa. Há mais modernos pelo mundo". Bryan Swanson, inglês da Sky Sports, discorda "O estádio é lindo, no estilo antigo, já fui em lugares muito piores com Copa", afirmou.
 
Esquerdinha do Ramalhão nem foi ao jogo. Com sua bicicleta e sua fantasia amarela só queria mesmo era tirar fotos. "Não tenho condição de ver jogo caro. Só vejo os do Santo André, meu time. Uma reforma no Morumbi teria resolvido a situação, não precisava gastar tanto com outro".
 
Rafael Picolo, 31 anos, são-paulino tem certeza que verá outros jogos do Brasil no Morumbi. "É maior, é mais bonito, não tem comparação". A namorada Camila concorda. O casal Bruno e Amanda lembra que chegou a ver matérias confirmando a Copa no Morumbi. "Mas o Andrés é esperto e levou para Itaquera".
 
Para Gabriela, 11 anos, nada disso interessa. Ela veio de Osasco e viria de onde fosse necessário. Iria até a Lua, garante, só para ver Neymar. "Quando eu tinha 4 anos e ele tinha 15 eu vi ele jogando futsal na televisão e me apaixonei. Fiz uma faixa para ele, amo o Neymar".
 
"Ama nada, filha," diz Severina, de 45 anos. "Você é fã dele, acha ele bom jogador, bonito, mas amor é outra coisa. Espera um pouco que você pode começar a namorar".
 
"Não quero namorar ninguém, vou esperar o Neymar reparar em mim um dia".
 
Estádio é bom, mas talvez seja mesmo o amor pelo craque e pelo jogo que mantenha o futebol vivo. Seja qual for o estádio ou a arena".

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