Mania de boleiro: Saiba por que os jogadores usam meiões cortados

Do UOL, em Teresópolis (Rio de Janeiro)*

Se você reparar os pés dos jogadores da seleção vai notar algo curioso: vários dos comandados de Felipão, entre eles Fred, Bernard e Daniel Alves, usam um meião "incompleto". Para melhorar a aderência nas chuteiras, os boleiros cortam o pé da vestimenta e usam uma meia comum por baixo do material oficial.

"Eles fazem isso para o pé não ficar mexendo na chuteira, para ficar encaixadinho. Para o pé escorregar menos, ficar firme, tem uma aderência maior", disse Roberto Sousa Santos, roupeiro do Corinthians, que conta que Guerrero, Renato Augusto e Elias, do elenco alvinegro, usam do mesmo expediente.

Parece estranho, mas a foto ajuda a entender. A meia que vai por baixo, em contato direto com a chuteira, é mais grossa, tradicional cano alto. Por cima dela, entra a parte da perna do meião, que cobre apenas do tornozelo para cima.

"Eu, particularmente, não gosto de cortar. Uso o meião normal, mesmo. Mas os que cortam, geralmente fazem porque reclamam que o tecido do meião é muito fino. Então, preferem cortar e usar uma meia mais grossa [soquete] para dar mais aderência. Vai de cada um", explicou Luan, zagueiro do Vasco.

Trata-se de uma mania de boleiro, uma alternativa criada para dar mais conforto durante a partida, que se espalha como prática entre os clubes de todo o país. No Fluminense, por exemplo, Fred puxa a fila dos que cortam o meião antes dos jogos e treinos. Denílson Macedo, roupeiro do clube há mais de 25 anos, explica que quem implantou a técnica foi Romário, que só entrava em campo dessa forma.

A "manobra" não incomoda, a princípio, os patrocinadores. A olho nu, sem o auxílio da ampliação de uma foto, é difícil perceber que o meião está cortado. Por isso, os fornecedores de material esportivo preferem não implicar com a questão.

Alteração de material não é novidade em Copas

Problemas no material esportivo oficial não são uma novidade para a seleção, que desde a Copa de 2002 vive algo do tipo em Mundiais. No ano do penta, a camisa da Nike tinha um forro interno que incomodava os jogadores.

Para resolver o problema, eles cortavam o tecido. A peça ficou famosa porque na decisão, quando teve de trocar a camisa durante o jogo, o zagueiro Edmilson teve dificuldade para colocar a parte interna.

Quatro anos depois, foi o calcanhar de Ronaldo que expôs uma situação desconfortável. O atacante não se adaptou às chuteiras novas que ganhou da Nike, sofreu com bolhas e teve de cortar parte do calçado para poder jogar sem tanto incômodo.

Na África do Sul, por último, o problema não era tão fácil de se resolver. Leve demais e de trajetória incerta, a bola Jabulani, agora da Adidas, foi o pesadelo dos goleiros, que passaram a competição toda reclamando da bola da Copa do Mundo. 

*Com reportagem de Gustavo Franceschini, Marinho Saldanha, Paulo Passos, Pedro Lopes, Rodrigo Paradella e Vinicius Castro

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