CBF veta humoristas na seleção. Mas eles dão um jeito de se divertir

Luiza Oliveira e Pedro Ivo Almeida

Do UOL, em Teresópolis (RJ)

  • Flavio Florido/UOL

    Sem poder fazer perguntas, repórter do CQC Felipe Andreoli apenas observa entrevista na Granja

    Sem poder fazer perguntas, repórter do CQC Felipe Andreoli apenas observa entrevista na Granja

Figuras carimbadas da cobertura da seleção brasileira e dos principais eventos esportivos nos últimos anos, os repórteres de programas de entretenimento como CQC e Pânico não estão tendo vida fácil na Granja Comary durante o período de preparação do time de Luiz Felipe Scolari para a Copa do Mundo. Tudo porque a turma do humor foi proibida pela CBF de fazer perguntas durante as entrevistas coletivas diárias de jogadores e membros da comissão técnica.

A decisão foi tomada após conversa da confederação com alguns veículos de imprensa, que reclamavam da postura informal e diziam que a presença dos humoristas atrapalhava as transmissões. Somado a isso, a comissão técnica não gostou do episódio polêmico durante a reinauguração da Granja, quando uma repórter do CQC fez uma pergunta agressiva ao coordenador Carlos Alberto Parreira e acabou encerrando a entrevista que ocorria.

Ainda assim, a postura da confederação não chega a ser encarada como censura pela turma do humor. Tudo porque os repórteres, juntamente com a assessoria da CBF, já deram um jeito de superar as proibições.

Por mais que não tenham permissão para questionar os entrevistados durantes as coletivas, a turma de CQC e Pânico, juntamente com o repórter Marcelo Smigol, ex-Sportv e atualmente no SBT, está "liberada" para abordar jogadores e integrantes da comissão técnica após as entrevistas oficiais e nas grades que separam os profissionais de imprensa do campo.

"Podemos chegar ali na grade e tentar chamar. Sei que a CBF não vai nos prejudicar neste caso. O problema é que os jogadores estão sempre saindo pelo outro lado. Aí me complica [risos]", brincou Felipe Andreoli, do CQC.

Mas na última quinta-feira foi diferente. E o repórter da Band conseguiu dar o seu jeito. Após a coletiva, enquanto o estafe da CBF protegia Hernanes do assédio de outros profissionais, ele deu a volta e surpreendeu Marcelo, gravando uma breve entrevista com o lateral esquerdo do Real Madrid. Logo em seguida, enquanto os outros colegas tentavam se aproximar de Marcelo, ele deu a volta e pegou Hernanes. "Não vai embora, volta aqui. Fala comigo rápido", solicitou Andreoli, prontamente atendido pelo meia.

"Ufa! Até que enfim temos alguém. Se não conseguimos da maneira convencional, tenho que dar um jeito através da minha intimidade com os jogadores. Chamo aqui, grito, peço para eles me ajudarem... E vamos nos virando", completou o repórter, após conseguir fazer as brincadeiras com a dupla da seleção.

Pedro Ivo Almeida/UOL
Repórter do CQC abraça Hernane após conseguir uma entrevista com o jogador

As dificuldades dos programas humorísticos na cobertura da seleção são antigas. E as sanções já foram mais pesadas. Em 2010, durante a preparação para a Copa da África do Sul, o técnico Dunga solicitou que a CBF proibisse as entradas dos profissionais nos locais de treino da equipe.

Felipão e sua turma também não são os maiores fãs dos humoristas, mas não cogitaram vetar a entrada destes programas na Granja Comary. A política adotada para as entrevistas coletivas, no entanto, será mantida.

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