Amistosos antes da Copa na África do Sul foram manipulados, afirma jornal
Do UOL, em São Paulo
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Gianluigi Guercia/AFP
Jogadores da África do Sul comemoraram gol em amistoso de 2010, apontado em relatório da Fifa
Ao menos cinco partidas antes da Copa do Mundo de 2010 tiveram os resultados manipulados, segundo um relatório da Fifa. O documento, que foi obtido pelo jornal norte-americano The New York Times, tem 44 páginas e inclui diversas cenas descrevendo como os jogos teriam sido combinados por um grupo baseado em Cingapura.
Uma das cenas do relatório descreve como o árbitro Ibrahim Chaibou, que apitou um amistoso entre África do Sul e Guatemala, teria depositado e transferido US$ 100 mil em notas de US$ 100, horas antes da partida. O jogo, que terminou em goleada dos sul-africanos por 5 a 0, teve diversos lances polêmicos, incluindo dois pênaltis por toques de mãos que não existiram.
Chaibou foi designado para o jogo por uma companhia baseada em Cingapura, que seria fachada para uma máfia de manipulação de jogos. Ao todo, 15 partidas eram alvos do grupo, e pelo menos cinco foram armadas, segundo o relatório da Fifa. Após um dos jogos, um funcionário que tentou impedir o esquema chegou a ser ameaçado de morte.
O grupo de manipuladores teria conseguido espaço após oferecer serviços à Federação Sul-Africana de Futebol: a empresa disponibiliza árbitros, para os quais pagaria despesas de viagem e acomodação, aliviando problemas financeiros da federação. Dessa forma, árbitros foram designados para pelo menos cinco partidas antes do Mundial.
No amistoso entre África do Sul e Guatemala, por exemplo, um sistema de segurança da Fifa que monitora possíveis manipulações começou a detectar movimentos diferentes nas apostas para esse jogo. Pessoas aumentavam suas apostas sobre quantos gols seriam marcados na partida: antes do início do amistoso, a média era de 2,68 gols; após o pontapé inicial, de 3,48; e durante o jogo, mais de 4.
Uma representante da Fifa afirmou nesta sexta-feira que uma equipe em Zurique, na Suíça, agora tem seis investigadores trabalhando para evitar manipulações em jogos, e que a entidade trabalha com uma rede de agentes que inclui até a Interpol. Para a Copa do Mundo no Brasil, 12 funcionários serão designados para cada estádio, e que podem receber a tarefa de monitorar manipulações entre suas ocupações.