Brasil impedirá entrada de torcedores argentinos com causas judiciais

Eleonora Gosman

Do Clarin

Violência no futebol
Violência no futebol

"Não queremos os torcedores violentos da Argentina no Brasil". A declaração cortante, do ministro de Esportes, Aldo Rebelo, lembrou uma antiga palavra de ordem da República Espanhola: "Não passarão".

Mas refletiu, sobretudo, o medo que ainda existe no governo brasileiro sobre as "manchas" que eventuais confrontos entre os chamados 'barras bravas' (torcedores violentos) e outros torcidas poderiam deixar durante a Copa.

Além do ministro, que fez a declaração na terça-feira, a presidente Dilma Rousseff também advertiu: "Queremos garantir que nossa Copa seja pacífica".

Ao detalhar as ações empreendidas para garantir a tranquilidade, ela lembrou: "Existem Forças Armadas, Polícia Federal, Polícia Rodoviária e polícias militares estaduais que garantem essa tranquilidade".

Devolvidos

O ministro Rebelo disse ainda textualmente: "Vamos impedir a entrada dos barras argentinos no nosso país. E se eles conseguirem atravessar a fronteira, não tenham dúvidas de que serão identificados e devolvidos".

Ele revelou que as forças de segurança do Brasil "já trabalham em forma conjunta com a Interpol e com os órgãos de segurança de vários outros países. Nem nós nem esses governos queremos torcedores violentos durante a Copa".

As negociações com a Argentina para barrar a entrada de "indesejáveis" começaram em março deste ano, quando o subsecretário do Ministério de Segurança da Argentina, Darío Ruiz, se reuniu em Brasília com o chefe da Secretaria Especial para a Segurança da Copa, Andrei Rodrigues.

Ali, os dois governos assinaram um acordo de cooperação que deveria evitar a viagem dos líderes do grupo 'Hinchadas Unidas de Argentina (HUA)' para os destinos onde a seleção argentina jogará.

Lista

O governo de Dilma pediu ao governo de Cristina Kirchner a lista dos torcedores que têm processos judiciais pendentes ou que têm a entrada proibida em estádios. A lista foi preparada pelo Ministério da Segurança da Argentina, mas nenhum órgão policial brasileiro confirmou que a tenha recebido.

Em abril, depois de várias reuniões, as duas partes chegaram a um convênio. Haverá uma operação conjunta para controlar a fronteira entre os dois países e evitar que os torcedores em situação irregular acabem chegando aos estádios.

Porto Alegre

O pacto também prevê a presença de policiais argentinos em Porto Alegre, onde se supõe que aqueles que conseguirem atravessar as fronteiras poderiam se hospedar.

Outro grupo de policiais acompanhará a seleção argentina, juntamente com agentes brasileiros.

Apesar dessa colaboração, as forças de segurança brasileiras estabeleceram um diagrama próprio: elas irão monitorar o público com camisetas argentinas que se aglomerar nas imediações dos estádios, nos dias de jogo da seleção argentina: domingo 15 de junho no Maracanã, onde a Argentina jogará sua primeira partida, contra a Bósnia.

Continuará no dia 21, em Belo Horizonte, contra o Irã e concluirá em Porto Alegre, no dia 25, contra a Nigéria.

Incidentes

No Brasil ainda se lembram que os barra bravas provocaram incidentes na Copa da África do Sul, quando o governo desse país deportou vários dirigentes argentinos potencialmente violentos.

Tanto Dilma quanto o ministro Rebelo deram ênfase na decisão de não "perdoar" aqueles que vierem com objetivos que não forem os de desfrutar do futebol e da diversão de um evento dessas características: "Somos capazes de receber muito bem, mas também de garantir que esta não seja uma festa para poucos, mas para todas as pessoas".

Rebelo enfatizou: "No Brasil não há ódios religiosos, nem étnicos nem nacionalistas. E queremos proteger tanto os nossos cidadãos quanto também os turistas".

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