Movimento por Tevez na Copa agenda 'panelaço' na federação argentina
Bruno Freitas
Do UOL, em São Paulo
-
Reprodução
Campanha para que Tevez jogue a Copa ganha força no Facebook e nos estádios argentinos
O ex-corintiano Carlos Tevez é atualmente um dos argentinos mais bem sucedidos no futebol europeu, mas dificilmente estará no Brasil em junho para disputar a Copa do Mundo. Principal jogador da Juventus na temporada, o goleador de 30 anos jamais defendeu a seleção de seu país na gestão do técnico Alejandro Sabella. Mesmo assim, há quem não desista da convocação do "craque do povo".
Um grupo de fãs do atacante da Juventus promete fazer um "panelaço" na porta da AFA (Associação Argentina de Futebol) em 10 de maio, em um sábado, três dias antes do anúncio oficial da convocação para a Copa. O movimento batizado de "Carlitos Tevez a la seleccion" hoje reúne mais de 14 mil inscritos no Facebook e tem sido ativo em manifestações nos estádios do país e do exterior.
Com o slogan "Tevez é argentino", os defensores do campeão brasileiro de 2005 têm levado sua reivindicação aos estádios, seja em Buenos Aires ou mundo afora. Em março, por exemplo, uma faixa com esses dizeres apareceu em Bucareste durante partida amistosa da seleção de Sabella contra a Romênia.
"(Sabella) nunca deu um argumento concreto, nunca foi claro porque não quer Carlitos. Se fala que ele teria influências no plantel. Mas quando foi perguntado disse que não tem problema com ninguém, nem com Messi. O mesmo disse Messi sobre ele", afirmou Martín Duarte, líder do movimento, em entrevista ao UOL Esporte.
Em um dos atos recentes, em 11 de abril, o grupo que pede Carlitos na Copa reuniu cerca de 100 manifestantes barulhentos no Obelisco, conhecido ponto no centro nervoso de Buenos Aires. Segundo o líder, o número acanhado de presentes se deu porque os meios de comunicação argentinos "se recusam a noticiar o movimento". Para o ato final do dia 10 de maio, a expectativa é de um quórum maior.
Na defesa do ativista pró-Tevez aparece a menção aos rumores de que Carlitos não vai à seleção porque não se dá bem com o grupo. A última aparição do atacante da Juventus na equipe nacional aconteceu na Copa América de 2011, quando fez declarações de insatisfação ao então técnico Sergio Batista.
Antes, titular na Copa de 2010, Tevez esteve envolvido em especulações de que pediu para ficar em um quarto individual na África do Sul. Algumas histórias, nunca confirmadas, também alegam que Carlitos não se dá com a "turma de Messi".
GRANDE ANO NA JUVE, MAS TROCADO POR LAVEZZI E PALACIO
Em sua primeira temporada na Itália, Tevez é um dos destaques da campanha da Juventus na Série A. O time de Turim atualmente tem hoje oito pontos de vantagem sobre a Roma e está muito perto do título. O argentino tem 18 gols na competição, apenas dois abaixo de Ciro Immobile, do Torino. Carlitos também soma sete assistências, três a menos do que o líder do quesito, Gervinho (Roma).
"Tenho amigos da Itália, que fazem parte da página. Eles me dizem claramente que, se Tevez fosse italiano, não teriam dúvidas de que jogaria a Copa", diz Martín Duarte sobre a campanha na web.
A julgar pelas últimas convocações, no entanto, Sabella prefere Gonzalo Higuaín (17 gols na Série A italiana pelo Napoli) e Rodrigo Palacio (15 gols, pela Inter de Milão). Além de Messi, obviamente, também são favoritos para irem à Copa os atacantes Sergio Aguero (Manchester City) e Ezequiel Lavezzi (PSG).
O ativista líder do movimento pró-Tevez relata que viaja o país em partidas do Crucero del Norte, time que está na frente do outrora poderoso Independiente na Segunda Divisão argentina. Duarte admite que até já levou bronca da esposa por dedicar tanto de seu tempo à causa de Carlitos, mas assegura que tem companhia e que não desistirá.
"Muita gente acha que somos uma página do Boca [antigo time de Tevez], mas não somos. Temos seguidores de muitas equipes, inclusive torcedores que são do River, totalmente contrários ao Boca", declara.
Para o fã, o fato de Tevez ter saído de uma situação social de pobreza une torcedores rivais na identificação com o craque: "ele conta que o futebol salvou a sua vida, que viu amigos morrerem assassinados. Os jogadores que vêm de baixo são os que mais sentem a camiseta".