Vetada no Sauípe, água de coco é ignorada por clientes 'padrão Fifa'

José Ricardo Leite

Do UOL, na Costa do Sauipe

A água de coco é um dos símbolos da Bahia, principalmente na BA-099, que leva Salvador até a região norte do estado. O caminho é conhecido como "estrada do coco" e dá vista para diversos coqueiros à beira da praia.

Apesar de ficar nessa região, o complexo da Costa do Sauipe, que recebe na sexta-feira o sorteio dos grupos da Copa do Mundo de 2014, não vende a tradicional água de coco porque o produto não faz parte dos negócios de nenhum dos patrocinadores da Fifa (Federação Internacional de Futebol). De segunda a sexta, somente as marcas parceiras da entidade máxima do futebol podem vender bebidas nos resorts, e a água de coco não está entre elas.

Mas se algum dos cartolas ou convidados para o sorteio quiser se refrescar com a água natural da fruta, há uma esperança. Na própria estrada do coco, há uma única barraca próxima, à beira da pista, que vende o produto.

Lá está Maria Santana, 32 anos, que vive no vilarejo de Curralinho, a 2 km de distância do complexo. Maria é ex-garçonete e há cinco anos decidiu montar um tenda de madeira com uma calha como teto. Trabalha das 8h às 17h todos os dias.

"Montei a barraca com o pessoal aqui da Vila Curralinho. O pessoal trabalha como mototáxi, e eu vendo meus cocos", afirmou Maria, que com sua fala mansa acompanha atrás do isopor com cocos a movimentação em alta velocidade de vários carrões com o logo da Fifa, da polícia e de serviços de segurança pela estrada que leva ao Sauípe.

Ela vê na presença de estrangeiros e da "muvuca" no local a chance para fazer boas vendas. Mas, até agora, nenhum carrão parou para comprar seu coco. "Estou sabendo [do sorteio]. Mas até agora ninguém parou aqui não", falou, mas sem se desanimar. "Espero isso, que pelo evento as pessoas parem e as vendas aumentem mais um pouco. [Sem coco na Costa do Sauipe] é uma boa pra eles pararem aqui", afirmou Maria.

Os preços da barraca de Maria são bem mais atrativos que os de 2 km adiante, na Costa do Sauipe. Vende cervejas a R$ 2,50, quatro vezes menos que os R$ 10 pedidos pela cerveja oficial da Fifa que é vendida no complexo.

A água de coco será mantida ao preço de R$ 2,50, mesmo com a semana mais movimentada por hóspedes da Fifa. Maria disse que não faz sentido aumentar o preço para se aproveitar da Copa do Mundo. Não se sentiria bem ao fazer isso e se coloca como exemplo para que lucros exagerados não ocorram com o Mundial e que possa protestar contra esse tipo de atitude.

"Isso é exemplo pra como as pessoas devem se comportar, desse mesmo jeito que faço. Da minha parte não vai ter nada disso [aumentar o preço]. Acho que através desse tipo de coisa que teremos um mundo melhor", afirmou, esperançosa.

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