Ghiggia critica Forlán e diz que fica surpreso com assédio no Brasil
Bruno Freitas e José Ricardo Leite
Do UOL, na Costa do Sauípe
O único jogador vivo que esteve em campo na final da Copa de 50 está entre nós. Herói do título uruguaio na primeira Copa no Brasil, Alcides Ghiggia está na Costa do Sauípe para participar do sorteio dos grupos do Mundial de 2014.
Em conversa com o UOL Esporte, o carrasco do Maracanazo disse que o momento de Diego Forlán, eleito pela Fifa (Federação Internacional de Futebol) o melhor da última Copa, já passou na seleção uruguaia. Ghiggia ainda se disse surpreso com o assédio dos brasileiros, a quem derrotou em 1950.
Depois de sofrer um grave acidente automobilístico em 2012, o ex-atacante de 86 anos se locomove com dificuldade. Precisa da ajuda de uma bengala e dos braços de sua jovem esposa. Confira abaixo o papo com Ghiggia:
UOL Esporte: Em 1950 o título ficou na América do Sul. E agora em 2014, o que o senhor acha?
Ghiggia: Espero que com os sul-americanos. São muito ligeiros e com bom preparo físico. Será um Mundial muito difícil. Espero que o Mundial fique na América do Sul. Mas vamos ver o que acontece.
UOL Esporte: O senhor acha que Diego Forlán ainda pode ser decisivo para o Uruguai?
Ghiggia: Não dá mais pra ele jogar pela idade que tem. Forlán já passou da época. Está muito velho. Temos Suarez, Cavani.... Forlán já passou, já não rende como antes. Já está quatro anos mais velho [em relação à última Copa, quando foi eleito o melhor jogador].
UOL Esporte: O senhor ainda é reconhecido nas ruas quando vem ao Brasil? Como é tratado aqui?
Ghiggia: Sempre fui muito bem tratado por aqui. Agora mesmo estive no Rio de Janeiro, há cerca de três semanas. As pessoas me reconheceram, me pediam fotos. Isso me deixa feliz. Me surpreende porque as pessoas [no Brasil] sofreram muito com o que aconteceu em 1950. Sofreram muito com aquela Copa do Mundo. E me surpreende que as pessoas jovens conheçam a história.
UOL Esporte: O senhor responde mais sobre o Maracanazo aqui ou no Brasil?
Ghiggia: Aqui no Brasil. Já passou 63 anos, muitos anos. Não falo muito de 50 por respeito aos meus companheiros que se foram.
UOL Esporte: O senhor vai participar do sorteio na sexta. Sinal de azar ou sorte ao Brasil?
Ghiggia: Vamos ver, vamos ver.