Justiça condena Fifa a pagar R$ 15 mil por falha na venda de ingressos

Tiago Dantas

Do UOL, em São Paulo

  • Fernando Bizerra Jr/EFE

    Filas para retirada de ingressos da Copa das Confederações no Rio de Janeiro

    Filas para retirada de ingressos da Copa das Confederações no Rio de Janeiro

A Fifa (Federação Internacional de Futebol) foi condenada, nesta quarta-feira, a pagar R$ 15 mil de indenização a uma família de Niterói que enfrentou problemas ao comprar ingressos para assistir à Copa das Confederações, em junho. Mas este não é o único caso que colocou a entidade no banco dos réus por causa de falhas relacionadas a entradas para os jogos do torneio.

Dezenas de torcedores estão processando a Fifa, segundo pesquisa feita pelo UOL Esporte em Diários Oficiais da Justiça de todo o Brasil. Ao menos nove casos já tiveram algum andamento (audiência, pedido de explicações ou tentativa de conciliação, por exemplo). Dos processos consultados, o de Niterói foi o único a propor indenização – em primeira instância.

Os consumidores reclamam basicamente de três problemas. Alguns torcedores receberam ingressos para jogos diferentes daqueles que pediram. Outros dizem que foram colocados em lugares que não correspondem ao setor pelo qual pagaram. O terceiro grupo alega que não conseguiu comprar os ingressos por causa de um problema na página da Fifa.

O empresário Bruno Carvalho Leonardo, de 28 anos, morador de Niterói, faz parte do último grupo. Em 22 de novembro de 2012, ele se inscreveu no site da Fifa para comprar cinco tíquetes para a final da Copa das Confederações. Acompanhado da família, pretendia comemorar o aniversário do pai no Maracanã.

Embora a página de compra dos ingressos tenha apresentado defeito, Leonardo recebeu, pelo celular, a confirmação de que o valor das entradas, R$ 950, havia sido debitado na conta. No dia seguinte, a Fifa admitiu a falha no site e disse que entraria em contato com 165 torcedores que tiveram o mesmo problema. Mas isso não aconteceu.

Leonardo tentou contato com a Fifa por email, mas a única resposta que obteve foi que a comunicação deveria ser feita pelos meios oficiais, segundo a advogada do caso, Elisa Leite Costa Chonchol. Em 2 de junho, depois que a advogada propôs a ação, funcionários da Fifa telefonaram para Leonardo, propondo um acordo. "Me ligaram três semanas antes do jogo, oferecendo o direito de comprar os mesmos ingressos, pelo mesmo preço. Depois de todo o aborrecimento que tive, não aceitei", afirmou o empresário.

Em sua defesa, a Fifa argumentou que o "empecilho técnico" pelo qual o site passou no dia da venda dos ingressos é "uma ocorrência comum em virtude da extraordinária demanda". Além disso, os advogados da entidade afirmaram que não houve descumprimento do contrato nem dano moral. Como a decisão é em primeira instância, a Fifa ainda pode recorrer.

Conciliação fracassou

O advogado Rodrigo Terassovich, de São Paulo, participou de uma audiência de conciliação com a Fifa na segunda-feira, 21, mas saiu do encontro sem chegar a um acordo. Terassovich alega que comprou ingressos da categoria 2, a segunda mais cara, mas que teve que assistir à final da Copa das Confederações atrás de um dos gols – um assento que, na sua opinião, não corresponde ao status do que comprou.

"Não tinha um mapa mostrando onde ficava cada setor. É um princípio básico do Código de Defesa do Consumidor. Você não pode vender serviço sem a mínima informação", disse o advogado. Os advogados da entidade argumentam que o torcedor ficou, sim, em um assento de categoria 2. "Os padrões internacionais apontam os níveis mais elevados como mais nobres", diz parte do texto da contestação feita pela Fifa.

O assessor político Adinael Roberto Martins, de São José do Rio Preto, também foi à Justiça pedir reparação por problemas enfrentados durante a Copa das Confederações. "Prometi que daria o ingresso de presente para meu filho. Falei pra todo mundo aqui na cidade que ia ver a final no Maracanã. Mas, quando cheguei lá para trocar o voucher, o ingresso era para um jogo que já tinha acontecido", lembra Martins. "Reclamei com a atendente, mas tudo o que ela disse foi: 'procure um bom advogado'. Voltei pra casa no mesmo dia."

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