Venezuela recebe Paraguai e tenta troca de status para manter sonho
Do UOL, em São Paulo
Entre as seleções que ainda podem ser estreantes na Copa do Mundo de 2014, que será realizada no Brasil, nenhuma tem chances tão remotas quanto a Venezuela. Atual sexta colocada das Eliminatórias sul-americanas, a seleção conhecida como "vinho tinto" receberá o Paraguai nesta sexta-feira, em duelo válido pela penúltima rodada, e tentará ratificar uma mudança de status para manter vivo o sonho de participar da competição.
O qualificatório sul-americano é disputado por nove seleções, que se enfrentam em turno e returno. As quatro primeiras colocadas garantem vaga direta na Copa do Mundo, e a quinta ainda disputará um playoff contra a Jordânia.
A Argentina, que tem 29 pontos e lidera as Eliminatórias, é a única seleção que já assegurou participação na Copa do Mundo de 2014. A vice-líder Colômbia e o Chile, que ocupa a terceira posição, vão se enfrentar nesta sexta-feira e também estão próximos de vaga.
Em quarto e quinto na tabela das Eliminatórias, respectivamente, aparecem Equador e Uruguai, ambos com 22 pontos. A Venezuela tem 19 e depende de uma combinação improvável para chegar à Copa. Ainda assim, a simples possibilidade de participar da principal competição de seleções do planeta já é um sinal de evolução para a "vinho tinto".
Entre os países filiados à Conmebol, a Venezuela é o único que nunca disputou uma Copa do Mundo. Até 2000, a seleção contabilizava apenas duas vitórias nas Eliminatórias em todos os tempos.
A situação começou a mudar na reta final das Eliminatórias para a Copa de 2002. A Venezuela acumulou quatro vitórias e uma derrota nos últimos cinco jogos, e esse revés foi para o Brasil, vencedor do Mundial no ano seguinte.
A ascensão da seleção puxou uma evolução de todo o futebol no país, que foi escolhido para sediar a Copa América de 2007 e investiu US$ 700 milhões nos nove estádios que sediaram o torneio. A Venezuela caiu nas quartas de final, mas a competição teve média de 40 mil espectadores por jogo. Impressionado, o governo aumentou de dez para 18 times o número de participantes da liga local.
O incremento do Campeonato Venezuelano foi realizado a partir de uma intervenção de Hugo Chávez, presidente do país sul-americano na época, que pretendia fomentar o futebol. Até hoje, a modalidade mais popular entre os venezuelanos ainda é o beisebol.
O problema é que muitos times não estavam prontos para disputar uma liga de elite e sustentar estádios de grande porte. Tricampeão antes da expansão, o Unión Maracaibo simbolizou esse momento de crise e encerrou as atividades em 2011.
Se o futebol local vivia problemas, a seleção venezuelana continuou crescendo. O time sul-americano, 129º colocado no ranking da Fifa em 1998, atingiu em abril de 2013 a 36ª posição na lista. O lugar é o melhor da história da "vinho tinto".
Em 2011, a Venezuela conseguiu a quarta posição na Copa América realizada na Argentina. A seleção foi superada pelo Paraguai nas semifinais, nas cobranças de pênaltis, e perdeu para o Peru por 4 a 1 na disputa do terceiro lugar.
"A equipe tem incrementando a qualidade. Eu diria que desde 1999 o futebol venezuelano vem crescendo exponencialmente", opinou Juan Arango, meia de 33 anos e atual capitão da seleção sul-americana, em entrevista ao site da Fifa.
Para dar mais um passo, a Venezuela precisa bater o Paraguai nesta sexta-feira. Lanternas das Eliminatórias sul-americanas, os paraguaios têm uma trajetória radicalmente diferente dos venezuelanos e estão em decadência.
"Estamos pensando em ganhar. Não podemos ser afetados pela roleta de emoções. Temos de pensar nessa partida e fazer nossa parte", declarou o técnico da Venezuela, César Farías.
Além de bater o Paraguai, a Venezuela precisa torcer para Equador e Uruguai não empatarem. Na última rodada, a "vinho tinto" folgará e ainda precisará de tropeços das duas seleções, que jogarão, respectivamente, contra Chile e Argentina.