Nas mãos de maior ídolo, Panamá joga sonho de Copa e teme "força externa"

Do UOL, em São Paulo

  • REUTERS/Carlos Jasso

    Com oito pontos, Panamá tem chance de chegar à Copa do Mundo de futebol pela primeira vez na história

    Com oito pontos, Panamá tem chance de chegar à Copa do Mundo de futebol pela primeira vez na história

O futebol do Panamá iniciará na próxima sexta-feira os cinco dias mais importantes de sua história. Comandado pelo maior ídolo, o pequeno país da América Central fará os dois últimos jogos nas Eliminatórias da Concacaf e pode obter pela primeira vez na história uma vaga na Copa do Mundo. Essa chance colocou em xeque a participação do México no evento, o que gerou uma série de especulações e teorias da conspiração.

As Eliminatórias da Concacaf distribuem três vagas diretas para a próxima Copa do Mundo. O quarto colocado ainda fará um playoff contra a Nova Zelândia por mais um posto na competição. Estados Unidos (16 pontos), Costa Rica (15) e Honduras (11) ocupam atualmente os três primeiros postos do hexagonal final. O Panamá é o quarto, com os mesmos oito pontos do quinto colocado México.

Na sexta-feira, o Panamá jogará fora de casa contra o México em duelo válido pela penúltima rodada do hexagonal final. Os panamenhos ainda receberão os Estados Unidos no dia 15 de outubro.

O duelo entre México e Panamá será realizado no estádio Azteca, que fica na Cidade do México. Os donos da casa ainda não venceram como mandantes na fase final das Eliminatórias. Em 12 pontos possíveis, somaram apenas três.

Além do histórico negativo como anfitrião, o México terá de superar os resultados recentes contra o Panamá. As duas seleções jogaram duas vezes neste ano (uma partida pelas Eliminatórias e outra pela Copa Ouro), e os panamenhos venceram ambas.

A seleção do Panamá é comandada por Julio César Dely Valdés, 46, que foi o maior jogador da história da equipe. Com 22 gols, ele detém o recorde de gols do time nacional.

Valdés teve uma passagem expressiva pelo Nacional de Montevidéu até o início da década de 1990. Depois, defendeu Cagliari, Paris Sain-Germain, Real Oviedo e Málaga antes de voltar ao time uruguaio. O atacante encerrou a carreira em 2006, e no ano seguinte iniciou um trabalho como auxiliar-técnico do Málaga.

Com uma mudança na direção do Málaga, Valdés foi dispensado no início de 2010. Em setembro, o ex-atacante foi anunciado como novo técnico da seleção panamenha de futebol.

A contratação dele deu início ao melhor período da história da seleção panamenha. Valdés levou a equipe às quartas de final da Copa Ouro (caiu diante dos Estados Unidos) e montou um time que tem chance real de ir à Copa do Mundo.

Essa possibilidade criou uma série de dúvidas entre os panamenhos. O país é extremamente pequeno (tem 75 mil quilômetros quadrados de área, pouco mais do que o Estado da Paraíba) e possui 3,3 milhões de habitantes. Os números são ainda menores na comparação com o México, que disputa todas as Copas do Mundo desde 1994 e tem sido um dos campeões de compras de ingressos para o evento desde então.

Em setembro deste ano, em entrevista coletiva, Valdés revelou que tinha medo de "coisas estranhas" favorecerem o México no jogo da próxima sexta-feira. A discussão foi retomada nesta semana por Pedro Chaluja, presidente da FPF (Federação Panamenha de Futebol).

"Em 2011, venderam um jogo de El Salvador contra o México, que venceu por 5 a 0 na Copa Ouro. As federações nacionais não estiveram envolvidas na situação, mas pessoas que estão fora do futebol foram as mais afetadas pelo resultado. Essas mesmas pessoas podem afetar nossa partida contra o México", disse Chaluja ao jornal espanhol "El País". "Entendemos que muito dinheiro será afetado se o México não se classificar para a Copa. Patrocínios, negócios, aspectos financeiros", completou o mandatário da federação.

A classificação seria um feito para o Panamá, país em que as principais referências históricas sempre foram ligadas à questão marinha. A nação da América Central era administrada pela Colômbia, de quem declarou independência em 1903.

O processo de independência do Panamá teve forte influência dos Estados Unidos, que estavam interessados na área do Canal do Panamá. Após 1903, os norte-americanos exerceram forte influência na política do país da América Central.

Em 1989, os Estados Unidos chegaram a invadir o Panamá. O processo culminou com a deposição do presidente Manuel Noriega, acusado de participar de tráfico internacional de drogas. A administração do Canal do Panamá só passou às mãos do país da América Central em 1999, ano em que foi eleita a presidente Mireya Moscoso.

O Canal do Panamá divide o Panamá, que é limitado a leste pela Colômbia e a norte pelo mar do Caribe. O canal liga o Oceano Atlântico ao Oceano Pacífico, e cerca de 5% das embarcações de comércio marítimo mundial passam por ali a cada ano.

O Panamá é um país majoritariamente católico. O idioma oficial é o espanhol, e a taxa de alfabetização chega perto de 93%. O IDH (índice de desenvolvimento humano) em 2012 era 0,780, o 60º maior do planeta – o Brasil, com 0,730, aparece na 85ª posição da lista.

Ao contrário da educação, porém, o esporte no Panamá ainda é incipiente. A liga local de futebol, por exemplo, foi criada em 1988 e contava com seis equipes. O campeonato chegou a ter média de 25 mil espectadores por partida na temporada 1995/1996, e atualmente é disputado por dez clubes. O maior campeão é o Tauro, dono de 11 taças – o torneio se divide em Apertura e Clausura, com dois vencedores a cada temporada.

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