Conflitos internos movem candidatos a surpresa nas Eliminatórias africanas

Do UOL, em São Paulo

A fase final das Eliminatórias africanas para a Copa do Mundo de 2014, que será disputada no Brasil, têm dez times divididos em cinco mata-matas. O vencedor de cada duelo garantirá classificação para a competição do próximo ano, e três países brigam também pelo posto de surpresa. Em comum, Burkina Faso, Egito e Etiópia terão de superar históricos internos conturbados.

Entre os azarões, o Egito é o único que já esteve em uma Copa do Mundo. Na verdade, em duas: 1934 e 1990. Donos de sete títulos continentais, os africanos nem sequer se classificaram para as duas últimas edições da Copa Africana de Nações.

A despeito do longo hiato de participações no Mundial e da ausência recente na Copa das Nações Africanas, contudo, o histórico esportivo está longe de ser o único empecilho para o Egito. Mais do que isso, o país tenta superar conflitos internos para obter vaga na Copa de 2014.

O Egito vive um período político extremamente conturbado, que incluiu a queda do presidente Hosni Mubarak. Deposto em 2011, ele havia comandado o país por três décadas.

Em julho deste ano, o presidente Mohamed Mursi também foi deposto. Destituído pelas Forças Armadas, ele está preso com outras 14 pessoas e será julgado a partir do dia 4 de novembro.

Essas mudanças no comando do país vêm provocando episódios de conflito. Em 2012, as manifestações populares deixaram mais de 50 mortos e 380 feridos no Egito.

No mata-mata das Eliminatórias africanas, a seleção do Egito jogará contra Gana. A situação no país do norte africano é tão conturbada que os ganeses pediram à Fifa que mudasse o local do duelo de volta, marcado para o dia 19 de novembro.

"Após a recente instabilidade política no país, que custou vidas inocentes, a Associação de Futebol de Gana [GFA, na sigla em inglês] pediu à Fifa para observar a situação de segurança e reavaliar a decisão de realizar o jogo no Cairo", disse a GFA em nota oficial.

O primeiro duelo entre Gana e Egito será realizado em Gana, no dia 15 de outubro, às 13h. Os egípcios são treinados por Bob Bradley, ex-comandante da seleção dos Estados Unidos, e venceram os seis jogos na fase anterior.

No primeiro jogo, Gana não poderá contar com Kevin-Prince Boateng, que está lesionado. Em compensação, a seleção da casa terá três retornos importantes: Michael Essien e os irmãos Andre e Jordan Ayew, que estavam no departamento médico.

Os outros candidatos a azarão nas Eliminatórias africanas são Burkina Faso e Etiópia, duas seleções que nunca chegaram à fase final da Copa do Mundo. Elas jogarão, respectivamente, contra Argélia e Nigéria.

A Etiópia é um país pobre, de economia fortemente baseada na agricultura. O setor é responsável por 90% do PIB (Produto Interno Bruto) e 85% dos empregos no país.

A população ainda tem sido afetada por conflitos entre as etnias Oromo e Somali. Por causa dos confrontos, mais de 10 mil crianças ficaram sem aulas em 35 escolas do país africano.

No futebol, os etíopes conseguiram disputar a Copa Africana de Nações em 2013. O torneio foi o primeiro de grande porte em que a seleção esteve presente nas últimas três décadas.

Para piorar a situação, os etíopes jogarão contra a Nigéria, atual campeã africana, e não poderão escalar Getaneh Kebede, maior destaque individual da seleção. O primeiro duelo acontecerá no domingo, na Etiópia.

O terceiro azarão dos mata-matas africanos é a Burkina Faso, seleção que não se classificou sequer para a Copa Africana de Nações em 2006 e 2008. Neste ano, o país chegou à decisão da competição continental e perdeu a taça para a Nigéria.

A evolução é extremamente repentina para um país que não disputou nenhuma competição de grande porte entre o início da década de 1980 e o fim dos anos 1990. Burkina Faso só voltou à Copa Africana de Nações em 1998, quando ficou com o quarto lugar.

Para o confronto com a Argélia, Burkina Faso tentou se reforçar com um brasileiro. O goleiro Nilson, 35, que defende o Vitória de Guimarães (Portugal), chegou a anunciar que havia aceitado uma convocação para o país africano. Dias depois, porém, ele mudou de ideia.

Assim como a Etiópia, Burkina Faso é um país com IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) muito baixo. No início deste ano, a nação ainda sofreu consequências de conflitos no Mali.

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