Fifa reclama de imprecisão do COL em relatórios sobre segurança

Ricardo Perrone

Do UOL, em Belo Horizonte

  • Reuters

    Valcke lê documento, com Teixeira ao fundo: protestos da Fifa contra relatórios do COL

    Valcke lê documento, com Teixeira ao fundo: protestos da Fifa contra relatórios do COL

O desenrolar da Copa das Confederações fez dirigentes da Fifa (Federação Internacional de Futebol) conhecerem uma realidade diferente da apontada nos relatórios produzidos pelo COL (Comitê Organizador Local) nos últimos anos. O entendimento é que, sobretudo na era Ricardo Teixeira, o COL não foi preciso em relação a prazos, problemas de infraestrutura e, principalmente, de segurança.

O ex-presidente é visto como um personagem que foi mais um intermediador político entre a Fifa e os governadores do que responsável pela organização.

O presidente da Fifa, Joseph Blatter, afirmou recentemente que o Brasil perdeu tempo em relação à preparação para a Copa de 2014 enquanto Teixeira comandava o COL.

O UOL Esporte apurou que cartolas da entidade avaliam que o COL, desde a era Teixeira, foi impreciso em muitos relatórios. Não apontou falta de estrutura em alguns setores da polícia nem a dificuldade de integração entre policiais civis, militares e federais. Também não teria abordado riscos políticos e a inexperiência no controle de crises.

Em Belo Horizonte, por exemplo, a Polícia Civil está insatisfeita e faz manifestações com faixas em espanhol dizendo que na cidade "sua segurança não está garantida". Isso na véspera da partida entre Brasil e Uruguai, nesta quarta, pela semifinais da Copa das Confederações.

A queixa entre os dirigentes da Fifa é que o COL encobriu uma série de falhas ao se encostar na fama do Brasil de país pacífico e sem histórico recente de atos violentos.

A maneira de agir da Polícia Militar  em alguns protestos, como no caso de uma jornalista atingida por uma bala no olho em São Paulo, é descrita na Fifa como demonstração de falta de habilidade dos policiais para controlar manifestações como as que se espalharam pelo país. Tal dificuldade nunca teria sido relatada pelo COL.

Os problemas de segurança enfraquecem Hilário Medeiros, responsável pela área no COL. Cada vez mais, o departamento de segurança da Fifa impõe sua vontade. Na semana passada, a entidade máxima pressionou Medeiros dizendo que se o Brasil não garantisse a segurança na Copa das Confederações o restante do torneio seria em outro país, como mostrou reportagem do UOL Esporte. Ele recebeu a ordem de repassar a mensagem para o Governo Federal.

Protestos na Copa das Confederações
Protestos na Copa das Confederações

A preocupação do COL aumentou depois que o hotel em que estava a delegação da Fifa em Salvador sofreu uma tentativa de invasão. O UOL Esporte apurou que três ônibus e quatro carros usados pela entidade foram depredados.

Por conta disso, parte dos dirigentes da Fifa trocou os carros oficiais por táxis sem identificação. Na última segunda, a garagem usada pela federação internacional em BH  tinha pelo menos 27 carros estacionados no período da tarde. São 200 veículos divididos pelas seis sedes do evento teste.

Indagada pela reportagem sobre as críticas feitas veladamente por dirigentes da Fifa, a assessoria de imprensa do COL afirmou que apenas se pronunciaria se a queixa fosse oficial por parte da entidade.

Em email enviado na manhã desta quarta-feira, a entidade máxima diz que, oficialmente, não tem conhecimento de relatórios específicos sobre o tema. "Gostaríamos de ressaltar que a Fifa trabalha em constante parceria com o COL e o Governo Federal, que são responsáveis, respectivamente, pela segurança dentro e fora dos estádios. Um plano integrado de segurança foi posto em prática e nós estamos satisfeitos com o trabalho em conjunto", afirmou o departamento de imprensa da Fifa no comunicado.

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