Um relato sobre os protestos no Rio de Janeiro neste domingo ganhou forte repercussão nas redes sociais. Em uma entrada ao vivo durante a transmissão do jogo entre Itália e México, o repórter Genilson Araújo, da rádio CBN, relatou de forma emocionada o momento em que a polícia e manifestantes entraram em confronto na estação São Cristóvão, que fica próxima ao Maracanã.

De acordo com o radialista, a manifestação seguia de forma pacífica até a ação do batalhão de choque, que tentou dispersar cerca de 500 pessoas com bombas de efeito moral e gás lacrimogêneo.

"Não houve, por parte, pelo menos dos estudantes, qualquer ato de agressividade. Eles paravam quando a polícia fazia bloqueio e tentavam por outra via e assim faziam. Quando, de repente, apareceu um grupo do batalhão de choque disparando bombas de efeito moral, com cachorros e bombas de gás lacrimogêneo, dispersando essas pessoas", disse.

O relato de Genilson Araújo ganhou ares de tensão no momento em que ele tentava convencer os policiais a pararem com a investida porque havia crianças no local. Sem notar que estava no ar, o radialista discutiu com a polícia e rapidamente foi retirado do ar.

Pouco tempo depois, ainda na zona de conflito, Genilson voltou ao vivo para explicar a situação.

"Estamos aqui em uma batalha que só tem um lado atacando, que é o lado do batalhão de choque. Não satisfeitos em afastar os manifestantes do entorno do Maracanã, alguns pelotões permanecem acompanhando os manifestantes que buscaram refúgio na Quinta da Boa Vista, tradicional área de lazer aqui no Rio de Janeiro. Muitas crianças, muitas pessoas idosas. Os policiais ameaçaram entrar com bombas de gás lacrimogêneo quando receberam apelos dos jornalistas para que não entrassem. Eles acabaram acatando", afirmou.

O relato do repórter rapidamente ganhou as redes sociais e muitas pessoas espalharam que o radialista chorou ao vivo e pediu socorro.

Rumores de censura são desmentidos

Durante a cobertura da partida entre Itália e México pela Copa das Confederações e dos protestos no entorno do Maracanã, CBN e BandNews FM tiveram problemas técnicos para a transmissão pela internet. Rapidamente, o rumor de que as rádios teriam sido censuradas e retiradas do ar ganhou as redes sociais e gerou grande repercussão. Por meio de Twitter e Facebook, diversas pessoas disseminaram a informação de que o motivo para o corte foi a divulgação da manifestação por parte dos veículos.

No entanto, pouco tempo depois CBN e BandNews FM desmentiram que tenham sido censuradas e tiradas do ar. No início da noite, os veículos adotaram uma postura contrária aos rumores que ganharam grandes proporções nas redes sociais nesta tarde.

A reportagem do UOL Esporte apurou que um problema no servidor causou a queda do site da CBN por volta do meio-dia, o que inviabilizou qualquer atualização durante o período e prejudicou a transmissão pela internet. Mesmo assim, o veículo afirma que o sinal na web não caiu e que bastava o internauta clicar no endereço do player. Já nos aparelhos de rádio convencionais, a transmissão continuou normalmente.

Além disso, a CBN nega qualquer interferência externa durante a cobertura dos protestos no Maracanã e desmentiu que a rádio foi retirada do ar por conta dos relatos do repórter Genilson Araújo sobre os confrontos entre polícia e manifestantes nas proximidades do estádio. Segundo o veículo, o radialista saiu do ar porque ele não foi avisado sobre qual momento entraria ao vivo.

Já a BandNews FM utilizou sua conta oficial no Twitter para explicar a queda de sinal nesta tarde. Segundo a rádio, problemas técnicos impossibilitaram a transmissão pela internet em todo o território nacional.

"Durante os jogos da Copa das Confederações a BandNews FM não tem direito de transmissão pela internet para fora do território nacional [...] Por problemas técnicos, neste momento também estamos fora do ar na internet para o Brasil; em breve, voltaremos com nossa programação normal", postou a BandNews FM.