Templo do Futebol. Maior do Mundo. Quem tem um pouco de conhecimento de futebol sabe: o Maracanã é um dos estádios mais conhecidos de todo o planeta. Neste domingo, ele volta a escrever sua história, que esteve congelada por três de anos de reforma total. E a reverência que essa reinauguração merece estará presente nos grandes atores do primeiro jogo oficial do "novo Maraca".

Às 16h, México e Itália se enfrentam, pelo Grupo A da Copa das Confederações. Mais do que pela estreia no torneio, os jogadores entram em campo orgulhosos de fazer parte desse momento. De ambos os lados, não faltaram declarações mostrando emoção. E o maior exemplo disso quem deu foi a Itália: o meio-campista Andrea Pirlo foi poupado do jogo contra o Haiti, na última terça, em São Januário, para fazer sua partida de número 100 pela “Azzurra” no principal palco do futebol brasileiro.

“Nós estamos muito empolgados. É um estádio mítico, onde todos nós sonhamos jogar um dia. Esperamos fazer uma excelente partida. E ganhar”, falou o treinador italiano, Cesare Prandelli. “Claro que estrear no Maracanã é muito significativo. É maravilhoso para qualquer jogador. É um sonho que vamos, finalmente, realizar”, corroborou o técnico do México, José Manuel De la Torre.

Entre os jogadores, o clima é igual: “Esse é o templo do futebol. Sinceramente, não pensei que um dia jogaria nele. É uma emoção muito grande jogar num estádio como esse”, afirmou o italiano Giaccherini.

A última partida oficial do Maracanã foi um duelo entre Fluminense e Palmeiras, pelo Campeonato Brasileiro de 2010. Há duas semanas, é verdade, ele foi reinaugurado com o empate entre Brasil e Inglaterra, que terminou 2 a 2. Mas era um amistoso.

As semelhanças entre México e Itália, no entanto, param na veneração ao local. De resto, o que se vê são ambientes completamente opostos, muito em função dos momentos que cada um dos times passam para chegar ao Mundial de 2014. Apesar do ouro olímpico em 2012, o México vive uma imensa crise nas Eliminatórias da Concacaf para a Copa.

O México empatou por três vezes sem gols nos jogos que fez em sua casa e tem apenas três pontos em seis partidas. Ocupa a terceira colocação, a última que dá vaga direta para o Mundial. E, o pior: tem um jogo a mais do que Honduras, quarto colocado que hoje iria para a repescagem, e Panamá, quinto. Se as duas equipes vencerem, passam o México.

O técnico De la Torre é questionado em seu país e convive com rumores de demissão. Com esse clima, pouco se viu da delegação fora do circuito hotel-campos de treinamento. Toda a preparação, aliás, teve tom pesado. Nas entrevistas, as perguntas invariavelmente envolviam críticas contra a fase ruim do time. “Vivemos uma situação muito difícil, mas agora é outro torneio. Temos que tirar essa pressão. Os jogadores precisam se soltar um pouco para que a harmonia volte”, admitiu o treinador.

A receita para a volta do bom ambiente, segundo o comandante, é simples: vencer. “Tudo o que é dito sobre a nossa situação, para o bem ou para o mal, depende de quem ouve. Sempre deixamos o exterior do lado de fora. O resultado provoca isso. Se o resultado for ruim, todos criticam. Mas se ganharmos, ninguém vai falar mais nada.”

A tensão mexicana contrasta com a tranquilidade do rival. A Itália lidera com folga seu grupo nas eliminatórias. Tem quatro pontos de vantagem sobre o segundo colocado. Só um desempenho muito improvável tira as chances de carimbar a vaga para a Copa. Os empates com República Tcheca e Haiti, com time reserva, geraram críticas a Cesare Prandelli. Mas ficaram bem longe de estragar o clima ou diminuir sua moral. Está usando o crédito adquirido por seu trabalho após a Copa de 2010.

O técnico é elogiado por dar fôlego a uma equipe que falhou na Copa do Mundo de 2010. Na África do Sul, o time caiu na primeira fase. Dois anos depois, foi vice-campeão da Eurocpa. Prandelli mudou o estilo defensivo e implementou uma filosofia baseada no toque de bola. Adotou a condução do grupo no estilo “família”. Promove a união permitindo que os jogadores trouxessem seus parentes ao torneio. As famílias, inclusive, ficam no mesmo hotel dos jogadores.

Ele também liberou a equipe para programas turísticos quase todas as manhãs. E, com isso, viu seus jogadores postarem fotos nas redes sociais de passeios pelo Rio de Janeiro. Sem problemas, desde que se mantenha o foco. Prandelli demonstrou confiança no resultado. E disse ter estudado o adversário. “Conheço muito bem o México. Como joga, quais jogadores atuam com profundidade. É uma equipe boa e de equilíbrio tático. Certamente, será um jogo interessante para tentarmos prevalecer em campo.”