Irritado, Valcke diz que não fez nada de errado e que Blatter sabia de seu trabalho na candidatura brasileira

Vinícius Konchinski*

Do UOL, no Rio de Janeiro

  • REUTERS/Ueslei Marcelino

    Jérôme Valcke posa para foto durante visita às obras do estádio de Brasília para a Copa do Mundo-2014

    Jérôme Valcke posa para foto durante visita às obras do estádio de Brasília para a Copa do Mundo-2014

O secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke, afirmou nesta quarta-feira que não há e não houve qualquer conflito de interesse gerado pelo fato de ele ter sido consultor, em 2007, da candidatura do Brasil a sede da Copa do Mundo de 2014. Valcke admitiu ter prestado serviços ao comitê de candidatura brasileiro, mas ressaltou que trabalhou para o órgão somente enquanto esteve afastado da Fifa. Disse também que o presidente da entidade, Joseph Blatter, sabia de tudo quando o trouxe novamente à federação internacional.

"Foi criada uma história em cima de nada", disse Valcke, durante evento de lançamento do pôster oficial da Copa de 2014. "Eu participei da reunião do comitê-executivo como secretário-geral, mas não votei, foi tudo muito transparente". 

Reportagem publicada na edição desta quarta-feira do jornal Folha de S.Paulo revela que o atual secretário-geral da Fifa atuou como consultor da campanha que permitiu ao Brasil ser escolhido para sediar o Mundial de 2014. Até a publicação da reportagem, não se sabia de sua conexão com a campanha, chefiada por Ricardo Teixeira, ex-presidente da CBF (Confederação Brasileira de Futebol). 

De acordo com o jornal, a participação de Valcke na candidatura ocorreu no primeiro semestre de 2007. No período, ele ficou fora da Fifa por seis meses, depois de a entidade ter sido multada em US$ 90 milhões por uma negociação, comandada por ele, envolvendo a Visa e a MasterCard.

Após formatar a candidatura e fazer lobby pelo Brasil na Fifa, Valcke voltou à Fifa para assumir o cargo de secretário-geral. Assim, participou, em 2007, da reunião do comitê-executivo da entidade que escolheu o país como sede da Copa. Valcke ressaltou, porém, que não tem direito a voto nessas reuniões. "O Brasil foi candidato único", complementou.

Em entrevista coletiva no início desta tarde, Valcke foi questionado sobre o motivo de sua participação na candidatura brasileira não ter sido divulgada publicamente e se irritou: "Eu estou olhando nos seus olhos agora (do repórter da Folha de S.Paulo) e te digo que não fiz nada de errado". 

"Fui contratado pelo comitê de candidatura (do Brasil) e trabalhei por três meses no cargo. Quando fui nomeado secretário-geral, encerrei o trabalho com este comitê. O presidente (da Fifa, Joseph) Blatter sempre soube de tudo. O caso está encerrado, não vejo motivo para responder mais perguntas sobre isso", disse o secretário-geral.

Valcke também comentou a reportagem da revista "France Football" sobre um susposto esquema de favorecimento ao Qatar na escolha da sede da Copa de 2022. Ele disse que o comitê de ética da Fifa é independente e, se achar necessário, pode dar início a uma investigação sobre o caso.

"Se existe alguma coisa para investigar, o comttê pode purar o caso. Eles têm total independência para fazer essa investigação", afirmou.

*Atualizada às 20h

Veja também



Shopping UOL

UOL Cursos Online

Todos os cursos