Cariocas fazem protesto contra privatização do Maracanã e cobram plebiscito
Vinicius Konchinski
Do UOL, no Rio de Janeiro
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André Lobo
Índios protestam contra demolição do antigo Museu do Índio, próximo ao Maracanã, no Rio de Janeiro
Cerca de 300 pessoas realizaram neste sábado uma manifestação contra o projeto do governo do Rio de Janeiro de privatizar a administração do Maracanã. O ato "O Maraca é Nosso" aconteceu na Zona Norte da capital fluminense ao mesmo tempo em que a Fifa promovia, em São Paulo, o sorteio dos grupos da Copa da Confederações do ano que vem. A final do torneio acontecerá no Maracanã.
Participaram da manifestação integrantes de movimentos sociais, indígenas que vivem no antigo Museu do Índio, pais de alunos da Escola Municipal Friedenreich e membros do Comitê Popular da Copa e Olimpíada do Rio de Janeiro. Durante uma caminhada que durou cerca de duas horas, eles cobraram a realização de um plebiscito no Estado para que a população possa opinar sobre o futuro do Maracanã.
"É importante que haja o plebiscito para que a gente tenha a discussão que precisamos ter sobre esse projeto de privatização do estádio", afirmou Gustavo Mehl, do Comitê Popular e um dos organizadores da manifestação.
O governo do Rio já anunciou que pretende repassar a administração do Maracanã a uma empresa no ano que vem. O edital da concessão seria lançado até sexta-feira, segundo o governador Sérgio Cabral, mas acabou não sendo divulgado.
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Enquanto o edital não sai, tramita na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro uma proposta para a consulta pública sobre a privatização do Maracanã. O projeto foi apresentado pela deputada estadual Clarissa Garotinho (PR) e tem o apoio de 33 parlamentares. Caso seja aprovado, o plebiscito se torna obrigatório.
"A consulta popular é a forma mais justa de saber o que a população quer do estádio", afirmou a deputada Clarissa, que participou da manifestação neste sábado. "Não é certo o governo gastar R$ 1 bilhão do dinheiro do povo na reforma do estádio para a Copa do Mundo e depois entregar o Maracanã a uma empresa sem nem mesmo consultar a população."
Sobre o projeto de privatização, já se sabe que o governo pretende cobrar R$ 231 milhões, divididos em 33 parcelas de R$ 7 milhões, da empresa que assumir o estádio como valor de outorga. Esse montante é cerca de 26% do que o governo estadual já comprometeu com as obras no estádio para o Mundial.
Quem assumir o estádio também terá de demolir o Parque Aquático Julio Delamare e o Estádio de Atletismo Célio de Barros, que ficam ao lado do Maracanã, e reconstruí-los em um outro local. No local onde fica hoje o antigo Museu do Índio, a concessionária também terá de levantar um estacionamento.
Para os índios que atualmente ocupam o antigo museu, essa proposta é um desrespeito. "Esse espaço é muito importante para a cultura indígena", afirmou Carlos Tukano, líder da chamada Aldeia Maracanã. Tukano defende que o prédio do antigo museu seja transformado em um centro de referência para índios de todo Brasil.
O Maracanã está fechado para obras desde 2010. A reforma atingiu 80% de seu cronograma neste mês e já custa em torno de R$ 888,5 milhões, R$ 183,5 milhões a mais do que os R$ 705 milhões previstos na Matriz de Responsabilidade da Copa, divulgada em janeiro de 2011.
A data de entrega do Maracanã foi também adiada de dezembro de 2012 para meados de abril de 2013, data-limite para que a arena possa ser utilizada na Copa das Confederações, que acontece em junho de 2013.
O governo do Rio de Janeiro foi procurado pelo UOL Esporte para comentar a manifestação. Preferiu não se pronunciar.
*Atualizada às 16h10