De olho no cofre

Custo de obras de mobilidade da Copa dobra no PR e beira R$ 1 bi; todas estão atrasadas

Rodrigo Durão Coelho

Do UOL, em São Paulo

  • Ministério do Esporte/Portal da Copa

    Metade das 12 obras de mobilidade urbana de Curitiba nem saiu do papel e todas estão atrasadas

    Metade das 12 obras de mobilidade urbana de Curitiba nem saiu do papel e todas estão atrasadas

Os custos com as obras de mobilidade urbana em Curitiba (PR) ligadas à Copa do Mundo de 2014 serão o dobro do que o previsto originalmente, quando foi divulgada a Matriz de Responsabilidades da Copa, em janeiro de 2010, segundo informa o TCE-PR (Tribunal de Contas do Estado do Paraná). À época, a previsão de custo para as 12 obras na capital paranaense era de R$ 446 milhões. Hoje, a cifra alcança RS 980,4 milhões.

Este valor ainda não foi incorporado à Matriz, documento atualizado trimestralmente e que define as tarefas de cada um dos governos envolvidos nas obras da Copa, assim como seus prazos e custos, por não ter sido ainda aprovado pelo Ministério das Cidades, pasta responsável pela liberação dos recursos federais para as obras. De qualquer forma, já é com este valor que as autoridades paranaenses trabalham como sendo o orçamento das obras de mobilidade da Copa.


A obra que mais inflacionou as cifras foi a do Corredor Metropolitano, que deverá ter custo total de R$ 505 milhões, sendoR$ 427,4 milhões em obras, R$ 5,7 milhões em projetos e R$ 71,9 milhões em desapropriações.

 

Em janeiro de 2010, sua estimativa de custo era de R$ 130,7 milhões. A obra estadual não foi iniciada e aguarda aprovação do Ministério das Cidades, mas poderá ser excluída da Matriz por correr o risco de não ficar pronta até o Mundial. Se isso acontecer, poderá haver a interrupção do crédito federal para sua finalização.

Outras obras estaduais que apresentam aumento de custos são o Corredor Marechal Floriano, com acréscimo de R$ 27 milhões, e as Vias de Integração Radial Metropolitanas, com aumento de R$ 21,9 milhões. Nenhuma das cinco obras estaduais saiu do papel, com quatro em licitação e uma ainda em fase de projeto.

Já as obras municipais que aumentaram mais foram a do Corredor Avenida Cândido de Abreu, que ainda não começou, com aumento de R$ 9,1 milhões, e a Requalificação da Rodoferroviária, aumento de R$ 12,7 milhões, já iniciada. A prefeitura justificou esses reajustes como tendo sido causados por reavaliações técnicas dos projetos.

Segundo relatório do TCE-PR, todas as obras, sejam municipais ou estaduais, apresentam atrasos em relação ao prazo estabelecido na Matriz de Responsabilidades. Mas, se por um lado o tempo gasto na elaboração dos projetos foi estourado, o prazo das obras foi diminuído em vários casos. O TCE-PR alerta para o risco de não haver recursos para que algumas obras sejam completadas. Muitas das obras municipais iniciadas foram paralisadas devido a atrasos no repasse.

Há problemas em outras áreas também. A ampliação do terminal do Aeroporto Internacional Afonso Pena, na zona metropolitana de Curitiba, deve ter apenas 30% de suas obras finalizadas até a Copa 2014. Em relação à reforma do estádio que será usado na competição, foi considerado que a obra na Arena da Baixada, de propriedade do Atlético Paranaense, será financiada com verbas públicas e se tornou alvo de investigação.

Obras na Arena da Baixada
Obras na Arena da Baixada

Petraglia na CPI

Após vir à tona a notícia de que o estádio terá cadeiras do filho do presidente do Atlético PR, Mario Petraglia, por um preço acima do da concorrência, foi aberta uma CPI na Assembleia Legislativa do Paraná para apurar supostas irregularidades. Na última terça-feira, porém, Petraglia depôs e justificou a escolha das cadeiras por "critério técnicos", dizendo que, se ocorrer estouro no orçamento da reforma do estádio, o clube pagará a diferença.

Após essas declarações, o presidente da CPI, deputado estadual Fábio Camargo (PTB-PR), disse que "essa investigação perdeu o sentido, se o Estado ou o município não vão ter que arcar com nada se a obra ficar mais cara e, sim, o Atlético. A gente tem que ter a humildade de reconhecer que isso aqui não faz mais sentido".

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