Vereador quer tombar Museu do Índio e alterar projeto para entorno do Maracanã

Vinicius Konchinski

Do UOL, no Rio de Janeiro

  • Sergio Moraes/Reuters

    Governo do Rio de Janeiro quer transformar área ocupada por índios em local de evacuação do Maracanã

    Governo do Rio de Janeiro quer transformar área ocupada por índios em local de evacuação do Maracanã

O local que o governo do Rio de Janeiro pretende transformar em uma área de circulação de torcedores no entorno do Maracanã pode se tornar patrimônio histórico e cultural. O vereador Reimont, do PT do Rio, apresentou à Câmara Municipal um projeto de lei para o tombamento do antigo Museu do Índio, que fica ao lado do palco da final da Copa do Mundo de 2014.

O projeto tramita na Câmara desde o último dia 20. Nele, o vereador solicita que a área do antigo museu seja preservada e destinada exclusivamente a disseminação da cultura indígena.

Atualmente, cerca de 20 índios habitam o local. Eles formam o que eles mesmo chamam de Aldeia Maracanã. Chegaram ali quando o local estava abandonado. Hoje, reivindicam a posse do imóvel para transformá-lo em um centro cultural.

O governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, já avisou, porém, que está comprando a área. O imóvel pertence à Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), do governo federal, mas a própria estatal já informou que acertou o repasse do local ao Estado. Segundo a Conab, bastariam detalhes burocráticos para a concretização do negócio.

Cabral afirmou que a intenção do governo estadual é transformar o antigo Museu do Índio em uma área de mobilidade para torcedores. "Ali vai ser uma área de mobilidade. Uma área que é exigida pela Fifa e que está correta", disse o governador, em junho deste ano.

COMO FICARÁ O MARACANÃ

  • Veja o vídeo sobre o projeto de reforma do estádio para a Copa do Mundo de 2014. A obra deve custar R$ 859 milhões e será paga pelo governo do Rio de Janeiro. A previsão de entrega da reforma é fevereiro do ano que vem.

O próprio projeto do Maracanã apresentado a visitantes da obra do estádio já prevê a demolição do antigo Museu do Índio. Em vídeo disponível ao lado, é possível ver que todo o entorno do Maracanã será readequado e o prédio do museu dará lugar ao acesso a uma nova passarela.

Para o vereador Reimont, entretanto, isso é inaceitável. Segundo ele, o antigo Museu do Índio tem valor arquitetônico e histórico. Também serve como ponto de encontro de indígenas vindos de todo país há anos. Por tudo isso, precisa ser preservado.

"Os índios relatam que ali viveram indígenas de um povo chamado Maracanã", complementou o vereador. "O imóvel tem que ser revitalizado. Serviria ponto de referência cultura indígena."

A Defensoria Pública da União compartilha desse entendimento. Tanto é assim que o defensor público André Ordarcgy está estudando a possibilidade de pedir na Justiça o tombamento do prédio.

Ordarcgy inspecionou na semana passada o prédio do antigo museu junto com representantes do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (CREA) e do Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU). Os dois órgãos apoiaram a revitalização do local.

O defensor também questionou a Fifa a respeito da necessidade de demolição do local por conta das obras no Maracanã. Fulvio Danilas, diretor do escritório da entidade no Brasil, respondeu em carta que nunca solicitou a demolição do prédio do antigo museu ao governo do Rio. Além disso, a Fifa informou que concorda com a Defensoria pela preservação do local.

CONHEÇA A ALDEIA MARACANÃ

  • Veja como vivem os índios que ocupam a área do antigo Museu do Índio, que deve ser demolido durante a reforma do Maracanã

A Conab já informou que não pretende falar sobre o futuro do local até porque deve repassar a propriedade nos próximos dias. Já o governo do Rio de Janeiro não se pronuncia sobre o assunto já que, até o momento, ele não é dono do terreno.

Enquanto a questão não tem uma solução, os índios que habitam a área do antigo museu seguem apreensivos. Entretanto, afirmam que confiam na Justiça e que ficarão no local.

"Esse imóvel já faz parte da história do movimento indígena", afirma Xamakari Apurinã, uma das lideranças da Aldeia Maracanã. "Queremos que esse prédio seja transformado em centro de referência indígena, onde os 240 povos do Brasil possam expor sua cultura."

Obras da Copa
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