A Fifa controlará todo o processo de distribuição dos CTS (Centros de Treinamentos de Seleções) para seleções na Copa-2014 sem dar nenhuma autonomia para negociações paralelas entre clubes ou donos dos locais e associações nacionais. E não haverá ganhos financeiros para quem receber os times. É o que está determinado no contrato dos CTs obtido pelo UOL.

Isso significa que clubes como o Corinthians e Santos, que detêm estruturas modernas para seus jogadores, poderão ser obrigados a cedê-los a seleções sem expressão sem a possibilidade de recusa, nem cobrança. E não poderão atrair grandes equipes com acordos vantajosos. Os times treinarão a maior parte do tempo nestes centros, com exceção das vésperas dos jogos.

O processo seletivo ocorre por meio de catálogos com os 54 CTs na lista até agora, como explicou a assessoria do COL (Comitê Organizador Local). A partir daí, as associações, que também têm feito visitas aos locais, farão uma lista com suas três opções preferidas. Se mais de uma seleção indicar um mesmo lugar, leva quem fez a seleção primeiro. 

"É um processo simples e vem sendo utilizado em edições anteriores da Copa", contou o comitê. Desde o Mundial do Japão e Coréia do Sul-2002 que a seleção é feita com esta prática.

Entre os clubes paulistas, Palmeiras e Santos, que tem a Vila Belmiro e o Rei Pelé, já estão na relação de CTs. O Corinthians assinou o contrato, mas depende de ser fechado um acordo com um hotel. O São Paulo recusou a proposta até agora.

Ao assinar, esses clubes reconhecem e aceitam que a "Fifa e o COL têm direito de estabelecer o processo de seleção e controlar a distribuição de campos de base entre as associações membros", como mostra a cláusula 2.6 dos seus contratos.

A partir daí, são listadas medidas de controle do processo pela Fifa. São proibidos contratos entre as seleções e os clubes, exceto quando feitos após a escolha feita pelos organizadores. E o dono do CT "não tem o direito de recusar acomodação ou a organização de sessões oficiais de uma equipe" determinada pelas entidades.

Quando os organizadores selecionarem uma das seleções, então, os proprietários do centro de treinamento podem negociar uma cobrança pelo direito de uso do local. "Não existe previsão de pagamento de aluguel. Pode haver um acordo para pagamento de despesas de manutenção no período de utilização e também algumas outras despesas", afirmou a assessoria do COL.

Até porque deve haver gastos dos clubes como preveem cláusulas do contrato. Pelo documento, a Fifa e COL poderão, "em qualquer ocasião, exigir que a Autoridade do Local de Treino garanta as modificações das plantas e dos mapas do local da instalação".

Se houver essa necessidade de alterações, as despesas serão bancadas pelos donos dos CTs. Os clubes e outros proprietários concordaram "em empregar seus melhores esforços para adaptar-se, a, e cumprir as exigências" do comitê e da Fifa, que se eximem de qualquer custo para eventuais obras. 

O COL, no entanto, disse que a maioria das mudanças deve ocorrer com estruturas temporárias. "Certamente haverá uma negociação entre as partes para que o resultado seja bom para todos os envolvidos no processo", afirmou a assessoria do comitê.

Previamente, a Fifa já informou os CTs em que serão necessárias melhorias. Há outros que estão completamente prontos, na visão da entidade. "Outros locais precisarão de algumas intervenções e já apresentaram as garantias financeiras necessárias", afirmou o comitê.

Pelo contrato, há a possibilidade de alterações das orientações da Fifa durante o processo, o que pode acarretar novas exigências dos CTs. Mas o comitê 2014 disse que não há mudança prevista até o momento,

Ainda assim, as cláusulas desse contrato são mais brandas do que as impostas pelos organizadores do Mundial aos donos dos COT (Centros Oficiais de Treinamento), cujos locais podem até ser fechados para obras exigidas para a competição. Esses serão utilizados nos treinos antes dos jogos, e entre eles, está a Arena Palestra.