Flavia Perin/UOL Esporte

Corredores do Instituto Central do HC viraram arquibancadas para ver o Brasil

28/06/2010 - 22h15

No Hospital das Clínicas, torcedor só não pode assoprar vuvuzela

Flavia Perin
Em São Paulo

NEM PARECE UM HOSPITAL

  • Flavia Perin/UOL Esporte

    Telão de 5 m x 4 m montado no Prédio dos Ambulatórios do HC

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    Jeane Lunes torceu pelo Brasil enquanto esperava a irmã

Basta a seleção brasileira entrar em campo para que pacientes, parentes, acompanhantes, médicos e demais profissionais do Hospital das Clínicas, em São Paulo, esqueçam, ao menos por 90 minutos, que estão ali e os porquês. Salas e corredores estão decorados com faixas e bandeiras, mas o maior atrativo do Instituto Central do HC nesta Copa é o telão de 5 metros por 4 metros instalado no Prédio dos Ambulatórios, onde os jogos do Brasil são transmitidos.

Na disputa de hoje, contra o Chile, a plateia reunida no vão livre do prédio e debruçada nas muretas dos corredores dos andares superiores, que mais pareciam arquibancadas, vibrava como se estivesse dentro de um estádio. Empurrou a seleção, comentou, aplaudiu lances e substituições e gritou a cada gol marcado. Só vuvuzelas e cornetas não eram permitidas.

“Querem cortar a corneta, mas não tem jeito, o pessoal bagunça mesmo”, decretou Antonio Carlos Carvalho, oficial administrativo que soma 12 anos de Hospital das Clínicas. Corinthiano, afirmou ter gostado muito da atuação da seleção, que apoiou e elogiou durante o jogo. “Que bolão, hein?”

De acordo com ele, o técnico brasileiro merece ser reconhecido. “Dunga não perdeu nada que disputou até agora”, lembrou.

Na opinião de Jeane Lunes, que esperava a irmã – que no momento do jogo doava a medula óssea para o irmão, transplante realizado por meio do sangue –, o Brasil deve ganhar para contrariar todas as críticas feitas à seleção. Torcedora do Flamengo e nascida em Pau dos Ferros, no Rio Grande do Norte, Jeane mora em São Paulo há 18 anos e adorou saber que não perderia o jogo. “Fora que é gostoso assistir com mais gente.” Seus acessórios nas cores nacionais foram comprados minutos antes de chegar ao HC – um cachecol por R$ 10 e uma pulseira por R$ 2.

TODOS EM CLIMA DE COPA

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    "Patriota de corpo e alma", Vandja França trabalha na portaria do HC

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    Funcionário do HC há 19 anos, Dinho usou verde e amarelo

Funcionários também vestiam trajes de torcedor, sobrepostos ou combinados com seus habituais uniformes. Auxiliar administrativo do Instituto Central do HC há 19 anos, Claudio Luiz de Almeida Filho (conhecido pelos colegas como Dinho) usou verde e amarelo em todos os jogos do Brasil. “Sou bem brasileiro”, contou.

Dinho acredita que o Brasil ganhará a Copa “por conceito”: “Por causa das críticas ao Dunga. E o Brasil vai pagar a língua.” Para ele, o melhor de haver um telão no hospital é “poder ver o jogo com todo mundo”. “Senão cada um veria da tevê do seu setor”, disse, recordando as Copas anteriores.

Vandja França, que trabalha na portaria auxiliar de serviços gerais, era verde e amarelo da cabeça às unhas, pintadas por ela mesma com bandeirinhas. “Sou patriota de corpo e alma. Odeio futebol, mas se é Copa, tô dentro!”, disse, enquanto torcia cheia de animação. “Vai embora pra casa, Chile, pega a malinha!”, repetia nos minutos finais do jogo.

Segundo Vandja, a iniciativa de instalar um telão no HC é duplamente boa. “A gente não falta ao trabalho e torce ao mesmo tempo.”

É o que garante o diretor-executivo do Instituto Central do HC, Carlos Suslik: “Evitamos que funcionários e pacientes faltem e, assim, o atendimento e os tratamentos não são prejudicados.”

Em média 10 mil pessoas circulam por dia no Instituto Central do Hospital das Clínicas, que possui cerca de 300 televisões distribuídas por salas de espera, alas de internação, centro cirúrgico e conforto médico – e que têm permanecido ligadas nos jogos da Copa da África. Além disso, o anfiteatro do prédio ganhou três telões menores (de 2 m x 1,5 m) por conta do Mundial.
 

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