13/06/2010 - 07h00

'Escondida', Rustemburgo facilita segurança de jogo de maior risco da Copa

Bruno Freitas
Em Rustemburgo (África do Sul)

Principais alvos do terrorismo no cenário político do século 21, Estados Unidos e Inglaterra realizaram neste sábado a partida considerada a de maior risco de segurança na primeira fase da Copa do Mundo. Mas apesar dos ingredientes de tensão envolvidos, o dia transcorreu calmamente, sem incidentes, em razão da contenção policial altamente reforçada e do complicado acesso à cidade de Rustemburgo, palco do empate (1 a 1) válido pelo grupo C.

VEJA FOTOS DO CLIMA EM RUSTEMBURGO

  • Bruno Freitas/UOL

    Clima era tão pacífico em Rustemburgo que até vaca podia caminhar tranquilamente à beira da rua

  • AP Photo/Emilio Morenatti

    Mesmo assim, policiais se prepararam muito para compor segurança do jogo mais arriscado da Copa

  • Paballo Thekiso/AFP

    Tudo deu certo, e torcedores dos dois países até confraternizaram na frente do estádio da partida

Segunda menor sede do Mundial na África do Sul, com população inferior a 500 mil habitantes, Rustemburgo não conta com um aeroporto e só pode ser alcançada de carro, através de estradas desde Johanesburgo, que contam com trechos em terra e com animais de diversos tipos no acostamento, alguns mortos. A viagem ao Noroeste do país é cansativa e pode levar entre duas e três horas.

Tais condições locais acabaram favorecendo a montagem da estrutura de segurança da partida. O trabalho nas imediações do estádio contou com helicópteros na vigilância aérea, canhões de água, cães farejadores e polícia montada. Aparato reforçado que acabou perfilado em exagero, para alívio da organização, em razão da escassez de incidentes, prometidos por 'inimigos' norte-americanos e ingleses antes do Mundial.

Semanas antes do torneio, um membro de alto escalão do grupo terrorista Al-Qaeda foi preso no Iraque e admitiu que o jogo entre Inglaterra e EUA estava nos planos de ação para atentados da facção de Osama bin Laden.

Do dia do jogo, em Rustemburgo, a presença do vice-presidente dos EUA Joe Biden na tribuna de honra do Royal Bafokeng reforçou a preocupação com a segurança da partida. O vice de Barack Obama chegou, falou aos jogadores nos vestiários antes do confronto e foi embora do estádio acompanhado por uma legião de seguranças, que cumpriram à risca o planejamento preventivo.

Nem mesmo a ação dos famosos torcedores violentos da Inglaterra colocou a força de segurança local em ação. O estádio Royal Bafokeng está localizado numa região afastada do centro de Rustemburgo, com visual quase rural em seus arredores. Nas redondezas, apenas um bar serviu como ponto de concentração de torcedores, das duas seleções. Lá, apesar do alto nível de cerveja consumido, nenhum incidente de qualquer natureza foi registrado. Durante a partida, a calma foi mantida.

"Os hooligans ingleses não têm condições de viajar para um lugar tão longe. É caro apara eles. Se a Copa fosse na Europa, aí sim a organização deveria se preocupar", contou o inglês Phill Druham, cerveja em punho e atitude pacífica ao lado de torcedores norte-americanos antes da partida.

Mas o trabalho de prevenção ajudou a impedir que os reduzidos hooligans ingleses chegassem ao local da partida. Um inglês de 42 com histórico de badernas em estádios de seu país foi impedido de entrar no país após desembarcar em Johanesburgo. Outros dez argentinos foram barrados pelos mesmos motivos.

Ao todo, o governo da África do Sul mobilizou 180 mil homens para o trabalho de segurança da Copa, sendo que 44 mil deles trabalharão diretamente em ações voltadas aos eventos do Mundial.

Até o momento, foram registrados apenas incidentes de confusão em festas populares voltadas à Copa e assaltos a jornalistas. No mais grave deles, dois profissionais portugueses e um espanhol tiveram o quarto no hotel em que estavam invadidos por criminosos armados.

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