05/06/2010 - 17h01

Rótulo de seleção de resultado melindra geração brasileira de 2010

Alexandre Sinato e Bruno Freitas
Em Johanesburgo (África do Sul)

A seleção debutará na Copa do Mundo daqui a dez dias com a imagem internacional de uma equipe que prioriza os resultados em detrimento à reputação consagrada do futebol brasileiro a respeito da devoção ao "jogo bonito". Confrontados com o tema durante a reta final de preparação na África do Sul, a geração de 2010 de Dunga revela um certo incômodo com o assunto. Alguns batem o pé contra a tese.

Homens importantes da seleção titular refutam este rótulo, o da escolha definitiva pelo futebol que visa apenas a vantagem final, nem que seja preciso passar por cima da identificação brasileira com a técnica.

"Não abandonamos o futebol bonito. O espetáculo final é levantar a taça no fim, esse é o show que nós queremos, que a torcida quer e até alguns de vocês da imprensa querem", disse Kaká, na sexta, em entrevista coletiva em Johanesburgo. "Podemos jogar bonito também, como na vitória sobre a Argentina por 3 a 1 em Rosario. Creio que aquela foi uma grande apresentação nossa", emendou o meia em uma resposta posterior.

Alguns jogadores argumentam que a marca de pragmatismo é contraditória com a atenção que a seleção desperta. "Falam que a gente não está jogando bonito, mas a sala de entrevista está cada vez mais lotada", brincou Maicon neste sábado, com ironia.

Mas também existem aqueles dentro do grupo que falam com menos constrangimento sobre a suposta prioridade ao pragmatismo do resultado. O goleiro Julio Cesar é um deles.

"Continuamos tendo os melhores jogadores do mundo no Brasil. Mas acredito que futebol hoje é mais eficiência, esse futebol-arte que todo mundo quer ver foi deixado um pouco de lado. Prefiro jogar mal e ganhar a jogar bonito e perder. Se eu tomar cinco gols em uma partida, vou torcer para que meu ataque faça seis", disse o camisa 1 brasileiro.

Nos últimos dias, todas as perguntas em relação à identidade do "jogo bonito" brasileiro foram encaminhadas à bancada de entrevistados por jornalistas estrangeiros que visitaram a preparação da seleção na África do Sul, profissionais que talvez estejam ainda pouco afeitos ao funcionamento do time de Dunga.

Ainda no país da Copa, na visão mais popular dos fãs de futebol, a ausência de Ronaldinho Gaúcho parece reforçar este conceito de um Brasil mais "bruto" e menos "circense". Por onde passou até agora na África do Sul, o time de Dunga levou indagações sobre a opção de descartar da estrela do Milan. Não há um brasileiro que siga a comitiva da seleção que já não tenha respondido uma pergunta do gênero.

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