01/06/2010 - 14h57

Ingresso caro e Ronaldinho fora ameaçam desprestigiar a seleção no Zimbábue

Alexandre Sinato e Bruno Freitas
Em Harare (Zimbábue)

Com um ingresso que equivale financeiramente a cerca de quatro refeições, o amistoso do Brasil contra o Zimbábue, nesta quarta-feira (10h30, horário de Brasília), dificilmente deve ter casa cheia no estádio Nacional de Harare, no penúltimo teste da seleção de Dunga antes da estreia na Copa do Mundo.

IMAGENS DE HARARE, CAPITAL DO PAÍS

  • Alexandre Sinato/UOL

    Policiais caminham pelo estádio Nacional, onde vai acontecer o jogo preparatório da próxima quarta

  • Alexandre Sinato/UOL

    Não muito longe dali, moradores de um bairro pobre da capital do Zimbábue, país que recebe a seleção

O peso dos US$ 10 deve afetar as vendas da partida para um povo que, a despeito de sua paixão pelo futebol, tem poder de bolso comprometido pela péssima realidade econômica local. Segundo levantamentos oficiais, 68% da população do Zimbábue vive abaixo da linha de pobreza. Com exceção de uma pequena região de hotéis internacionais, a capital Harare apresenta ao visitante estrangeiro uma amostra desta estatística, com cenas de extrema miséria sem maquiagem.

Além de todo este cenário, a ausência de Ronaldinho pode ser mais um fator potencialmente desencorajador para o torcedor local a prestigiar a partida. “Como assim, o Ronaldinho não vem? Ele é que queremos ver”, perguntou um funcionário do estádio nacional durante visita da reportagem do UOL Esporte ao local. A mesma indagação foi ouvida outras vezes ao longo do dia, da imigração ao restaurante.

Reformado recentemente com dinheiro vindo da China, que tem influência visível em construções no atual Zimbábue do presidente Robert Mugabe, o estádio nacional tem capacidade para receber 60 mil pessoas. Na missão de encher a arena e apresentar uma bela imagem ao exterior, o líder político determinou ponto facultativo na quarta para o funcionalismo público. Mas, mesmo assim, pouca gente em Harare diz acreditar em lotação máxima, ou mesmo em um número de torcedores razoável.

Com casa cheia ou não, o amistoso desta quarta-feira contará com um reforçado esquema de segurança, encomendado pelo presidente, no cargo desde 1980 e com duas vitórias suspeitas em eleições em seu histórico político. Nesta terça, a reportagem do UOL Esporte testemunhou o ensaio de quase quinhentos homens dentro do estádio, em ritual quase militar. O contingente completo para o jogo deve ser bem maior, contando inclusive com apoio de destacamento particular.

“Por enquanto não podemos dizer o número de pessoas envolvidas na segurança da partida. Só podemos dizer que a seleção brasileira estará acompanhada por nossos homens em todos os momentos aqui no Zimbábue”, afirmou o chefe-superintendente Marangue, responsável pela organização de segurança do jogo.

Depois de treinar à tarde na África do Sul, a seleção brasileira desembarca em Harare na noite desta terça-feira, horário local. A expectativa é de que a equipe passe menos de 24 horas em solo no Zimbábue. O voo de volta da delegação a Johanesburgo está agendado para horas depois da partida amistosa contra a equipe local.

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