25/05/2010 - 07h09

Com a mesma tese de Dunga, exposição critica "falta de comprometimento" em 2006

Alexandre Sinato, Bruno Freitas e Mauricio Stycer
Em Curitiba

A cidade que abriga a seleção brasileira nesta fase de preparação para a Copa do Mundo na África do Sul inaugurou na noite de segunda-feira uma exposição afinadíssima com o técnico Dunga a respeito das razões do fracasso ocorrido quatro anos atrás, na Alemanha.

EXPOSIÇÃO "PÁTRIA DE CHUTEIRAS"

  • Flávio Florido/UOL

    Painel sobre Copa de 2006 tem tese de Dunga: "Sobraram estrelas, faltou comprometimento"

  • Flávio Florido/UOL

    Exposição tem camisa que capitão Cafu vestiu na final de 2002 com os dizeres: "100% Jardim Irene"

  • Flávio Florido/UOL

    Camisa que Dunga usou na Copa-98, autografada pelos jogadores da seleção que atuaram na França

Dedicada a celebrar a participação do Brasil nas Copas desde 1930, “Pátria de Chuteiras” explica que em 2006 a seleção de Kaká, Ronaldo, Ronaldinho Gaúcho e Adriano desembarcou na Alemanha “com um favoritismo sem fim”. Resultado: “sobraram estrelas, faltou comprometimento”.

Palavra mágica no discurso de Dunga, “comprometimento” com a seleção é tudo que o técnico busca em 2010. Jogadores foram convocados e outros foram descartados em função deste critério. O goleiro Doni, por exemplo, reserva na Roma há um bom tempo, vai à Copa justamente por ter peitado seu clube e aceitado uma convocação de Dunga.

Ao descrever a decepcionante participação da seleção na Copa de 1990, “Pátria de Chuteiras” não faz uma única menção ao termo que entrou para a história – a chamada “Era Dunga” –, mas apenas uma referência ao “Brasil do técnico Lazaroni”

Segundo Ana Gonçalves, curadora da exposição, ao lado de Sergio Xavier e Ricardo Correa, a associação de “Pátria de Chuteiras” com a tese de Dunga a respeito do fracasso em 2006 “foi involuntária”.

Para os fãs de futebol, a exposição exibe jóias como a camisa que Cafu usou na final da Copa de 2002, assim como a que o italiano Roberto Baggio vestiu na final de 1994. Também estão expostas a camisa que Dunga usou na Copa de 1998, autografada por todo o elenco, um agasalho que Amarildo utilizou em 1962, a camisa do goleiro Gylmar, na mesma Copa, uma chuteira do húngaro Puskas, calçada em 1954, e a camisa que Beckenbauer vestiu na épica semifinal da Copa de 1970, na qual atuou com o braço numa tipóia.

Cinco ex-jogadores participaram da inauguração de “Pátria de Chuteiras” na noite de segunda-feira – os campeões mundiais Cafu (2002 e 1994), Marcio Santos (1994), Felix (1970), Edu (1970) e Pepe (1958 e 1962).

Todos fizeram declarações semelhantes de apoio ao técnico Dunga e à seleção que se prepara para a Copa. Convidados, porém, a falar sobre o que levou cada uma das seleções campeãs a vencer a Copa, os craques deram respostas diferentes, expondo a “evolução” do futebol brasileiro nos últimos 50 anos.

Pepe realçou “a excelente técnica dos jogadores” de 1958, em particular “a maior categoria” de Pelé e Garrincha, como o fator decisivo para conquistar a Jules Rimet pela primeira vez. Edu observou que “o mais importante em 1970 foi que tínhamos uma base desde 1969”, convocada por João Saldanha, e que havia uma obsessão – conquistar a Copa – por parte de jogadores, como Pelé, que sabiam ser aquela a última oportunidade que tinham.

Felix acrescentou que havia um tipo de união muito especial no grupo de 1970: “Tudo que tínhamos que resolver, resolvíamos entre nós, jogadores, sem a participação da comissão técnica”.

Já em 1994, disse Marcio Santos, o fator decisivo foi “a união do grupo”. Disse: “Não deixávamos que nada de fora atrapalhasse o grupo. Foi o grupo mais unido que já trabalhei”. Em 2002, repetiu Cafu, quase com as mesmas palavras, “o fator mais importante foi a força que o grupo tinha em relação às outras seleções”.

Resumindo, é possível dizer que, na visão destes campeões mundiais, o Brasil foi campeão graças ao talento de seus craques em 1958 e 1962, ao desejo que alguns indivíduos tinham de vencer em 1970 e à “união do grupo” em 1994 e 2002.
 

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