22/05/2010 - 07h01

Kaká perde quase metade dos jogos em 2010, mas seleção crê em ápice na Copa

Alexandre Sinato, Bruno Freitas e Mauricio Stycer
Em Curitiba

Uma pequena história universal une os otimistas de todo o mundo, na interpretação do copo meio cheio, e não meio vazio. É mais ou menos com este espírito que a seleção brasileira recebe Kaká para a fase de preparação para a Copa do Mundo. O meia do Real Madrid jogou 16 jogos neste ano, com apenas 61,5% de frequência nas partidas de sua equipe em 2010 (ficou fora em dez compromissos). Mas o que poderia ser recebido com preocupação pode ser usado pelo grupo que vai à África do Sul como uma aposta de sucesso.

TODOS OS JOGOS DE KAKÁ EM 2010

  • Pierre-Philippe Macou/AFP

    Campeonato Espanhol:
    13 jogos
    928 minutos

    Liga dos Campeões:
    2 jogos
    168 minutos

    Amistoso da seleção:
    1 jogo
    90 minutos

    Total em 2010:
    16 jogos
    1.186 minutos

Na última sexta-feira, no primeiro dia de reunião da seleção brasileira para etapa de preparação em Curitiba, o médico José Luís Runco e o preparador físico Paulo Paixão falaram sobre as perspectivas do condicionamento do elenco para a Copa. No discurso, um otimismo convicto a respeito de Kaká, mesmo com o semestre de altos e baixos da estrela do Real.

“Te diria que, às vezes, o atleta não ter jogado muito no clube e é uma situação benéfica para nós. Ele não tem a dificuldade que os outros poderão ter”, disse Paixão especificamente sobre a situação de Kaká.

Neste ano, Kaká esteve em campo em 16 oportunidades e perdeu dez partidas em razão de problemas físicos (sendo oito de forma consecutiva). Foram 13 jogos no Campeonato Espanhol, dois na Liga dos Campeões e mais um amistoso com a seleção em Londres.

Perguntado sobre a projeção de ponto ideal do meia na Copa, sob o aspecto físico, o preparador vislumbra o terceiro jogo. “Assim como todo o grupo, trabalhamos para ele atingir o ápice no terceiro jogo. A partir do quarto é mais um trabalho de polimento”, afirmou.

Da parte médica, o otimismo em relação ao meia do Real Madrid é a mesma. Runco refuta o temor sobre a situação do púbis, em problema também ferrenhamente negado por Kaká nos últimos meses.

“O Kaká não tem absolutamente nada em relação ao púbis, só um edema na musculatura da coxa esquerda”, disse o médico da seleção. “Ele está bem”, completou.

Ao contrário de seus companheiros de seleção, Kaká se apresentou à comissão técnica para a fase de preparação em Curitiba com um dia de antecedência. Desde a quinta Kaká trabalha no CT do Atlético-PR com o fisioterapeuta Luiz Alberto Rosan.

Por fim, a aposta em Kaká se vê desenhada de vez no fato de a convocação de Dunga para a Copa não contar com nenhum outro meia com características de criação. Este tipo de jogador está presente apenas na relação de suplentes para o Mundial.

A aposta em um jogador-chave da seleção após um período de inconstância física não é nova para o Brasil em Copas. Em 1986, com o técnico Telê Santana, Zico foi ao Mundial do México sem estar no melhor da forma, meses depois de sofrer uma grave lesão.

Na Copa, Zico atuou em três das cinco partidas do Brasil, apenas como reserva, e saiu marcado pelo confronto das quartas-de-final contra a França, quando desperdiçou uma cobrança de pênalti.

Em 2002, a aposta de Luiz Felipe Scolari foi certeira. Ronaldo se recuperou de uma série de lesões e atuou pela Internazionale apenas no fim da temporada na Itália. Rivaldo, por sua vez, perdeu alguns jogos finais do Barcelona antes do Mundial.

Antes da Copa, Felipão dizia que Rivaldo já estava 100% e que confiava na recuperação plena de Ronaldo a partir da fase eliminatória. Daí para frente, o resto é história bem conhecida: a dupla de R’s liderou a equipe até o pentacampeonato, selado com atuação decisiva na final contra a Alemanha.

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