08/04/2010 - 17h34

Assassino de brancos é ameaçado, mas organização abafa tensão pré-Copa

Do UOL Esporte
Em São Paulo

O clima político da África do Sul segue em polvorosa. Nesta quinta-feira, a imprensa local divulgou que Ontlametse Bernstein Menyatsoe, um ex-policial negro, foi ameaçado de morte. O incidente teria sido motivado pelo passado conturbado de Ontlametse, que em 1994 matou três membros da resistência branca em um conflito.

Segundo as autoridades de Bophuthatswana, cidade onde o ex-policial vive, um envelope com o texto ameaçador foi inserido dentro da casa de Ontlametse por baixo da porta. O caso de intimidação já está sendo investigado, e aquece ainda mais as tensões raciais da África do Sul.

Ontlametse foi perdoado em 1999 pela Justiça sul-africana, que entendeu que se tratava de legítima defesa. Na ocasião, os três membros da AWB (partido da resistência branca) invadiram áreas ocupadas por negros em Bophuthatswana e foram alvejados pelo então policial.

Agora, o caso volta à tona após a morte de Eugene Terre’Blanche, ex-líder do AWB que foi assassinado no último fim de semana, supostamente por negros que eram seus empregados. O agravamento da tensão racial, no entanto, ainda não intimida a organização da Copa do Mundo, que relativiza as trocas de farpas dos dois lados.

“Nós conseguimos muita coisa, mas ainda temos desafios. Em termos de segurança, nós fizemos o máximo que podíamos”, disse Danny Jordaan, CEO do Comitê Organizador, que fez um apelo ao público.

“Os times que vêm para cá terão grandes nomes internacionais como Messi, Cristiano Ronaldo e Kaká. Esta Copa do Mundo tem de reintegrar a África do Sul como parte da comunidade global. Sejam sul-africanos e sejam bons anfitriões”, disse o dirigente.

O apelo, porém, parece não ter atingido alguns espectros políticos do país. Também nesta quinta-feira, um jornalista da rede britânica BBC se desentendeu com Julius Malema, presidente da liga jovem do ANC (ex-partido de Mandela e ligado ao movimento negro).

O episódio aconteceu na sede do partido em Johannesburgo. Durante um discurso em que questionava a oposição do Zimbábue por pronunciar-se da África do Sul, portanto longe de seu país, Malema foi questionado pelo repórter pelo fato de ele estar na mesma cidade dos rivais políticos. Irritado, o dirigente rebateu o inglês.

“Se você não se comportar nós vamos chamar a segurança. Isso não é uma casa de notícias, mas uma casa revolucionária e você não venha aqui com essa sua tendência branca. Se você quer reduzir o poder dos negros você está no lugar errado”, disse Malema, que terminou colocando o interlocutor para fora do recinto.

“Você é um moleque, e não pode fazer o que pensa. Bastardo, vá embora, agente maldito”, emendou um irritado Malema.
 

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