De hotel de luxo para Bangu. A cela do suposto chefe da máfia do ingresso

Vinicius Konchinski

Do UOL, no Rio de Janeiro*

  • Montagem/Divulgação

    Raymond Whelan deixou a comodidade do Copacabana Palace para uma cela de Bangu 10

    Raymond Whelan deixou a comodidade do Copacabana Palace para uma cela de Bangu 10

O executivo inglês Raymond Whelan entregou-se à Justiça na segunda-feira (14) e está preso. Acusado pelo MP-RJ (Ministério Público do Rio de Janeiro) de chefiar a máfia que comercializava ilegalmente ingressos da Copa do Mundo de 2014, ele foi transferido para o Complexo Penitenciário de Bangu e, de lá, deve responder por quatro crimes: cambismo, associação criminosa, sonegação e lavagem de dinheiro.

O complexo penitenciário de Bangu foi criado em 1987, quando o governo do Rio resolveu construir na zona oeste da capital fluminense seu primeiro presídio de segurança máxima, o Bangu 1. De lá para cá, o local ganhou mais nove unidades prisionais. Whelan está preso na cadeia pública Bangu 10.

O presídio foi inaugurado há três anos. Tem vaga para 541 detentos, divididos em celas coletivas e individuais.

Bangu 10 é uma das cadeias mais modernas do Rio. Mesmo assim, está longe de oferecer todo o conforto que o executivo tinha no Copacabana Palace enquanto esteve hospedado junto à cúpula da Fifa durante o Mundial.

No hotel, um dos mais luxuosos do Rio, Whelan dormia numa suíte com uma generosa cama de casal, escrivaninha e televisão. No quarto, havia até um cofre, o qual o executivo deixou vazio antes de fugir da polícia.

Na tarde de quinta-feira (10), a Justiça decretou a prisão preventiva de Whelan por causa de sua ligação com a máfia do ingresso. Minutos depois, ele deixou o hotel pela porta dos fundos, acompanhado do seu advogado Fernando Fernandes. Quando a polícia chegou, ele já havia saído.

Desde então, ele era considerado foragido. Na segunda-feira, porém, ele se apresentou ao Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. De lá, foi levado para a Cidade da Polícia. Depois, seguiu em uma viatura para o IML (Instituto Médico Legal) para exames médicos antes de ser transferido para o Complexo Penitenciário de Bangu. 

Já em Bangu, Whelan primeiramente ficou preso na cadeia pública de Bangu 9. Agora, já está no presídio de Bangu 10.

De acordo com a Seap (Secretaria Estadual de Administração Penitenciária), Whelan não terá qualquer tratamento privilegiado enquanto estiver preso. O diretor executivo da Match Services, empresa parceira da Fifa na organização da Copa do Mundo, terá de comprovar que já concluiu alguma faculdade para poder ocupar uma cela especial.

Cambistas unidos

Todos os 12 membros da quadrilha a qual Whelan é acusado de chefiar já estão presos em Bangu 10. Entre eles, está o empresário argelino Mohamadoud Lamine Fofana, apontado pelo MP-RJ como o número 2 da máfia do ingresso.

Além dos 12 membros da chamada máfia do ingresso, outros presos acusados de cambismo também foram levados para Bangu. Dois americanos e uma italiana acabaram no presídio após serem presos com 200 ingressos e US$ 10 mil .

A italiana Rafaella Cinti recebeu meio sabonete e meio rolo de papel higiênico ao chegar ao complexo penitenciário. O Consulado Italiano no Rio prestou auxílio a acusada e lhe ofereceu assistência.

Já os americanos, Brian Jack Peters e Richard Beard, foram encarcerados juntos com condenados por roubo e homicídio, de acordo com a defesa de ambos. O Consulado Americano também presta auxílio a eles.

Todos os presos alegam ser inocentes. Raymond Whelan, aliás, já está recorrendo á Justiça por um habeas corpus. A Match Services classificou sua prisão como ilegal.

*Atualizada às 12h11

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