Executivo preso recorre à Justiça e espera liberdade em 15 dias

Vinicius Konchinski

Do UOL, no Rio de Janeiro

  • Vinicius Konchinski

    Raymond Whelan deve permanecer preso em Bangu até segunda ordem

    Raymond Whelan deve permanecer preso em Bangu até segunda ordem

O diretor executivo da Match Services, Raymond Whelan, entregou-se nesta segunda-feira (14) à Justiça do Rio e está preso. Segundo a sua defesa, porém, ele já tem um pedido de habeas corpus tramitando na Justiça e espera que ele seja julgado em 15 dias. Quem avaliará o pedido é a 6ª Câmara Criminal do TJ-RJ (Tribunal de Justiça do Rio). Caso o órgão aceite o recurso de Whelan, ele será solto.

A defesa de Whelan chegou a solicitar que esse habeas corpus fosse concedido ao executivo por uma liminar (decisão provisória) na semana passada. A Justiça negou o pedido de liberdade. Agora, a câmara do TJ-RJ julgará o pedido definitivamente.

Esse julgamento está marcado para daqui a 15 dias. Existe uma chance, contudo, de ele ocorrer ainda antes do previsto, informou a assessoria de imprensa do advogado Fernando Fernandes, que representa o inglês.

Whelan é acusado pelo MP-RJ (Ministério Público do Rio de Janeiro) de chefiar a máfia que comercializava ilegalmente ingressos da Copa do Mundo de 2014. A empresa para qual ele trabalha é parceira da Fifa na organização do Mundial.

O executivo entregou-se no início da tarde no próprio Tribunal de Justiça do Rio. De lá, foi levado para a Cidade da Polícia. Depois, seguiu em uma viatura para o IML (Instituto Médico Legal) para exames médicos antes de ser transferido para o Complexo Penitenciário de Bangu, onde ele ficará detido.

Antes de entregar-se, Whelan era considerado foragido. Na tarde de quinta-feira (10), a Justiça decretou prisão preventiva por causa de uma suposta ligação com a máfia do ingresso. O grupo, segundo a Polícia Civil, esperava faturar até R$ 200 milhões vendendo tíquetes para partidas do Mundial por preço acima do mercado.

Whelan estava hospedado no Copacabana Palace, junto à alta cúpula da Fifa, no momento em que teve sua prisão preventiva decretada. Minutos depois, deixou o hotel pela porta dos fundos, acompanhado do seu advogado Fernando Fernandes. Quando a polícia chegou, ele já não estava mais no hotel.

Desde então, a polícia fazia buscas para encontrar o executivo. Enquanto estava foragido foi quem ele tentou um habeas corpus por meio de uma liminar.

Preso ou em liberdade, Whelan responderá pelos crimes de cambismo, associação criminosa, lavagem de dinheiro e sonegação. Ele alega ser inocente. Ao seu advogado, o diretor da Match Services disse ao se entregar: "enfim, poderei iniciar minha defesa criminal."

A assessoria do advogado Fernando Fernandes, que representa o inglês, informou que o executivo deve apresentar sua defesa à Justiça em dez dias, por escrito.

Operação Jules Rimet

A operação que desbaratou a máfia dos ingressos foi batizada de Jules Rimet, em alusão ao nome do primeiro presidente da Fifa. Ela é resultado de mais de um mês de investigações da Polícia Civil do Rio de Janeiro e Ministério Público.

Na operação, quase 200 ingressos da Copa já foram apreendidos, além de dinheiro e máquinas para pagamento em cartão de crédito. Os bilhetes pegos pela polícia eram reservados pela Fifa a seus patrocinadores, a clientes de pacotes de hospitalidades e até a membros de comissões técnicas. Dez ingressos, inclusive, eram reservados a integrantes da comissão técnica da seleção brasileira.

Segundo a Polícia Civil, a quadrilha vendia ingressos por até R$ 35 mil. Com isso, lucrava até R$ 1 milhão por jogo.

A polícia informou que o esquema não é novo. Ele funcionava há quatro Copas. O trabalho seria tão lucrativo que integrantes da quadrilha trabalhariam durante o torneio e depois descansariam por quatro anos até o próximo Mundial.

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