Era Felipão deixa como legado Neymar mais maduro e decisivo
Gustavo Franceschini
Do UOL, no Rio de Janeiro
-
Flávio Florido/UOL
Felipão e Neymar no jogo contra a Colômbia. Dupla se entendeu e deixou legado na seleção brasileira
Quando Luiz Felipe Scolari assumiu a seleção, vaiar Neymar ainda era esporte nacional. O craque do brinco, do moicano, da tatuagem e do cabelo colorido incomodava e gerava desconfiança. Um ano e meio depois, ao fim do trabalho do treinador, pode-se dizer que o atacante mudou, e para melhor.
Um Neymar mais maduro e decisivo talvez seja o grande legado da era Felipão, que não é mais o técnico da seleção brasileira. A importância de Felipão para a evolução do principal jogador verde-amarelo da atualidade, porém, é inegável.
Neymar marcou 17 gols em 26 jogos com Felipão, média pouco superior aos 17 gols em 28 jogos sob o comando de Mano Menezes. Só que não dá para avaliar essa evolução só com números.
De 2010 a 2013 a seleção brasileira conviveu com o tabu de não vencer outros campeões do mundo. A seca contra Argentinas e Alemanhas da vida só fez crescer a desconfiança sobre Neymar, que foi duramente vaiado pelo público em pelo menos duas oportunidades no Brasil.
A Copa das Confederações mudou isso. Neymar, decisivo, liderou o time contra gigantes como Itália, Uruguai e Espanha, colocando o Brasil em outro patamar rumo à Copa do Mundo. Méritos de Felipão, que deu liberdade para que o jogador atuasse e deixou que ele só pensasse no campo.
Uma das grandes mudanças para Neymar sob o comando de Scolari foi a proteção que ele recebeu. Pressionado pela mídia, foi afastado de entrevistas coletivas e pôde concentrar-se apenas no jogo. Falar? Só quando era realmente necessário.
Neymar evoluiu até nisso, embora essa parte não seja obra direta de Felipão. Em sua última coletiva pela seleção na Copa, o camisa 10 foi sincero como nunca e falou melhor até do que o próprio chefe. Era o retrato da mudança da imagem.
O garoto que despertava ódio no próprio quintal em 2012 fez multidões chorarem sua lesão dois anos depois. Com Scolari, Neymar foi mais decisivo, mais protagonista, mais humano. Não por acaso, o último ato público dos dois foi um beijo do jogador em Felipão durante a entrevista coletiva do treinador após a derrota para a Holanda. Se alguém tem algo a agradecer ao técnico na seleção, esse alguém é Neymar.