Brasil terá ciclo inchado de jogos oficiais e sai atrás de rivais para 2018
Do UOL, em São Paulo
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Sia Kambou/AFP Photo
Ciclo para 2014 teve poucos jogos oficiais. Amistoso de 2011 contra o gabão foi bastante criticado
A escassez de jogos oficiais foi um dilema da seleção no ciclo até a Copa deste ano, seja com Mano Menezes ou nas mãos de Luiz Felipe Scolari. Na condição de país anfitrião do Mundial, o Brasil não precisou passar pela longa maratona das eliminatórias através da América do Sul. Mas o caminho até a Rússia em 2018 promete ser bastante diferente, com calendário inchado e uma série de compromissos oficiais.
Sem eliminatórias, a seleção se preparou para o Mundial em casa basicamente com as experiências na Copa América de 2011 na Argentina, quando fracassou nas quartas de final diante do Paraguai, e na Copa das Confederações de 2013, na épica vitória sobre a Espanha na decisão. De resto, apenas amistosos, muitos deles de importância contestada, como o de 2011 frente ao Gabão.
Foram nove partidas oficiais no ciclo, o que representa metade de uma campanha nas eliminatórias sul-americanas, por exemplo. Agora, na nova etapa, serão no mínimo 24 compromissos.
A trilha até a Rússia terá necessariamente a disputa das eliminatórias, que começam na América do Sul já no segundo semestre de 2015. Antes, o Brasil disputa a Copa América do Chile, entre 11 de junho e 4 de julho do mesmo ano. E agora a tarefa será mais difícil.
A Argentina foi finalista da Copa de 2014 e tem Lionel Messi em plena qualidade. O Uruguai, além da tradição, continua o ciclo após duas Copas com saldo positivo – caiu na semi em 2010 e nas oitavas agora. A dificuldade maior está pela ascensão de Colômbia e Chile. A primeira se colocou entre as melhores do planeta com James Rodríguez e a melhor geração da história. Os chilenos não foram tão longe, mas também vivem ótimo momento.
Há outras equipes, como o Equador, que começam o próximo ciclo mais motivadas. Dessa forma, as quatro vagas diretas para a Copa de 2018 deixarão pelo menos uma boa seleção longe da Rússia.
Por ocasião de seu centenário, a Copa América também terá uma edição em 2016, nos EUA, agregando seleções da Conmebol. Será uma espécie de torneio teste que busca uma versão que meça forças com a Eurocopa, a mais badalada competição continental do planeta. A disputa está prevista para junho do ano mencionado.
Ainda em 2016, uma parada que querendo ou não sempre compromete o planejamento do técnico da seleção principal. É a tão sonhada inédita medalha de ouro olímpica, com a oportunidade de façanha em casa. O torneio de futebol nos Jogos do Rio de Janeiro acontecem entre 5 e 21 de agosto, com jovens sub-23 que podem ingressar no ciclo do time principal.
Em caso de vitória na Copa América do próximo ano, no Chile, o Brasil ainda acrescentará mais uma competição oficial antes do Mundial. Trata-se da Copa das Confederações de 2017, na Rússia.
E as emoções do novo ciclo começam com quatro amistosos já confirmados para o segundo semestre de 2014. A seleção tenta curar a ressaca da Copa logo em setembro, quando viaja aos Estados Unidos para enfrentar partidas amistosas contra Colômbia (Miami) e Equador (New Jersey).
Em outubro, Brasil e Argentina disputam mais uma edição da Supertaça das Américas, mas desta vez jogando no estádio Ninho do Pássaro, em Pequim. O ano termina com compromisso em novembro diante da Turquia em Istambul.
Resta saber quem estará à frente da largada do projeto que terá a Rússia como meta final. Até o momento, a CBF não fala oficialmente em troca de comando na comissão técnica.
ADVERSÁRIOS VEEM GERAÇÕES ESBOÇADAS
Não existe um esboço de cenário para a seleção em seu primeiro jogo após a Copa, em setembro, contra a Colômbia. Com a demissão de Luiz Felipe Scolari, uma nova comissão técnica precisa ser estabelecida antes de que uma convocação inicial indique como começa o caminho.
Dos 23 convocados para a Copa deste ano, 18 terão mais do que 30 anos em 2018. A renovação de grupo será uma missão para o novo treinador. Do Mundial em casa, não restaram muitas convicções além de que Neymar precisa estar no ciclo.
Enquanto isso, a campeã Alemanha deve preservar a maioria de seu grupo para buscar o penta na Rússia. Klose deve ser uma baixa certa, pois terá 40 anos. Já Lahm e Schweinsteiger ingressarão na casa dos 30, mas ainda podem ser úteis. Além de Özil (25), Müller (24), Kroos (24) e Schurrle (23), que fizeram parte da campanha vitoriosa no Brasil, o time tem Marco Reus (25), que estava lesionado, e nomes como Draxler (21), que dão convicção de um futuro em alto nível.
A Argentina, vice-campeã da Copa de 2014, tinha oito jogadores acima dos 30 e média de 28,9 anos. Era o time mais velho da Copa, mas também terá uma renovação menos conturbada do que a brasileira. Afinal, Romero (27), o zagueiro Garay (27), o meia Di María (26) e os atacantes Higuaín (26) e Agüero (26) podem formar a base da seleção até 2018.
A Holanda tem uma situação bem menos resolvida no setor ofensivo, mas a defesa teve De Vrij e Bruno Martins Indi, ambos de 22 anos, como titulares no Brasil. O goleiro Cillesen (25), o lateral Blind (24) e o volante Wijnaldum (24) também podem seguir até a próxima Copa.
Dos demais, uma boa aposta para 2018 pode ser a França, turbinada pela geração campeã mundial sub-20, de Varane e Pogba, e com a oportunidade de jogar uma Euro dentro de casa para se desenvolver.
A Espanha deve se desfazer de sua geração vencedora, mas tem talento jovem para começar uma nova equipe. O país vem de títulos europeus na base. Já na América do Sul, Chile e Colômbia parecem ter subido de status e devem acirrar a disputa na classificação das eliminatórias.
RIVAIS JÁ TÊM TÉCNICOS E PLANOS
A comissão técnica liderada por Luiz Felipe Scolari deixou o comando da seleção brasileira depois da Copa de 2014, e a CBF (Confederação Brasileira de Futebol) ainda não tem planos concretos para a substituição. Não há sequer uma previsão de quando o sucessor será anunciado.
A Holanda já tem técnico até 2016. E outro depois disso. Enquanto disputava a Copa do Mundo de 2014, Louis van Gaal já sabia que não continuaria na seleção. Ele vai assumir o comando do Manchester United, e o cargo será ocupado pelo experiente Guus Hiddink até 2016.
Hiddink será auxiliado pelo ex-jogador Ruud van Nistelrooy e por Danny Blind, que já havia trabalhado com Van Gaal. O período até a Eurocopa de 2016 servirá para completar a maturação de Blind, que assumirá o comando da seleção depois disso e montará o time que jogará a Copa de 2018.
Joachim Löw, que comanda a Alemanha desde 2006, é outro exemplo de continuidade. O treinador já tem contrato renovado até 2016. Jorge Sampaoli (Chile) e José Pekerman (Colômbia) são outros que devem continuar nas seleções após a Copa. E Alejandro Sabella (Argentina) ainda tem chance de continuar.