Executivo acusado de chefiar máfia do ingresso se entrega à Justiça
Vinicius Konchinski
Do UOL, no Rio de Janeiro
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Vinicius Konchinski
Raymond Whelan está preso na carceragem do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro
O diretor executivo da Match Services, Raymond Whelan, entregou-se nesta segunda-feira (14) à Justiça do Rio. Ele é acusado pelo MP-RJ (Ministério Público do Rio de Janeiro) de chefiar a máfia que comercializava ilegalmente ingressos da Copa do Mundo de 2014. A empresa é parceira da Fifa na organização do Mundial.
Depois de passar por exames no Instituto Médico Legal, o executivo deverá ser encaminhado para o Complexo Penitenciário de Gericinó, em Bangu, onde deve passar a noite.
Whelan era considerado foragido desde quinta-feira (10). Na tarde daquele dia, a Justiça decretou prisão preventiva por causa de uma suposta ligação com a máfia do ingresso. O grupo, segundo a Polícia Civil, esperava faturar até R$ 200 milhões vendendo tíquetes para partidas do Mundial por preço acima do mercado.
Whelan estava hospedado no Copacabana Palace, junto à alta cúpula da Fifa, no momento em que teve sua prisão preventiva decretada. Minutos depois, deixou o hotel pela porta dos fundos, acompanhado do seu advogado Fernando Fernandes. Quando a polícia chegou, ele já não estava mais no hotel.
Desde então, a polícia fazia buscas para encontrar o executivo. Ele chegou a tentar um habeas corpus enquanto estava foragido, mas teve o pedido de liberdade negado. Segundo a assessoria de imprensa do advogado de Whelan, ele se apresentou no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. Ficou detido na carceragem do local até o meio da tarde, quando foi transferido para a cidade da polícia. Ele deve passar a noite em um presídio carioca.
O inglês já havia sido detidopela Polícia na segunda-feira passada (7), também no Copacabana Palace. Horas depois, por habeas corpus, foi solto e voltou ao hotel. Whelan deve responder pelos crimes de cambismo, associação criminosa, lavagem de dinheiro e sonegação. Ele alega ser inocente. Ao seu advogado, o diretor da Match Services disse ao se entregar: "enfim, poderei iniciar minha defesa criminal."
Operação Jules Rimet
A operação que desbaratou a máfia dos ingressos foi batizada de Jules Rimet, em alusão ao nome do primeiro presidente da Fifa. Ela é resultado de mais de um mês de investigações da Polícia Civil do Rio de Janeiro e Ministério Público.
Na operação, quase 200 ingressos da Copa já foram apreendidos, além de dinheiro e máquinas para pagamento em cartão de crédito. Os bilhetes pegos pela polícia eram reservados pela Fifa a seus patrocinadores, a clientes de pacotes de hospitalidades e até a membros de comissões técnicas. Dez ingressos, inclusive, eram reservados a integrantes da comissão técnica da seleção brasileira.
Segundo a Polícia Civil, a quadrilha vendia ingressos por até R$ 35 mil. Com isso, lucrava até R$ 1 milhão por jogo.
A polícia informou que o esquema não é novo. Ele funcionava há quatro Copas. O trabalho seria tão lucrativo que integrantes da quadrilha trabalhariam durante o torneio e depois descansariam por quatro anos até o próximo Mundial.