Brasil pede ajuda da Interpol em busca de envolvido na máfia dos ingressos

Do UOL, em São Paulo

A polícia brasileira pediu ajuda à Interpol  (organização internacional que coopera com policias de diversos países) para localizar o diretor-executivo da Match Services, o inglês Ray Whelan, acusado de envolvimento na máfia internacional de venda ilegal de ingressos para a Copa do Mundo.

Na semana passada, Whelan deixou o Copacabana Palace pouco antes da presença da polícia brasileira, que cumpriria uma decisão da Justiça para a sua prisão preventiva. Desde então, o paradeiro do executivo é desconhecido.
 
Whelan é acusado de ser a ligação de dentro da organização da Copa com a quadrilha liderada pelo franco-argelino Mohamadoud Lamine Fofana, suspeito de ser o chefe da mafia dos ingressos da Copa. O inglês havia sido preso na segunda-feira e solto horas depois por causa de um habeas corpus.
 
"Se ele tentar sair do país poderemos detê-lo. E os demais países, ao saber que estamos a procura dele, vão nos informar", disse Luiz Eduardo Navajas, chefe da Polícia do Centro de Cooperação Internacional para o Mundial . 
 
Ele disse que não há contra o executivo uma ordem de captura internacional, mas fica aberto um canal para que as forças policiais estrangeiras forneçam informações sobre ele ao Brasil.
 
A Fifa diz estar cooperando com as autoridades brasileiras na investigação enquanto a Match negou qualquer irregularidade. A empresa é o principal fornecedor de pacotes de hospitalidade para a Copa do Mundo e pagou US$ 240 milhões para os direitos exclusivos de venda dos pacotes de hospitalidade corporativa na Copa do Mundo de 2010.
 
Operação Jules Rimet
 
A operação desbaratou a máfia dos ingressos foi batizada de Jules Rimet, em alusão ao nome do primeiro presidente da Fifa. Ela é resultado de mais de um mês de investigações da Polícia Civil do Rio de Janeiro e Ministério Público.
 
Na operação, cerca de 200 ingressos da Copa foram apreendidos na ação, além de dinheiro e máquinas para pagamento em cartão de crédito. Os bilhetes pegos pela polícia eram reservados pela Fifa a seus patrocinadores, a clientes de pacotes de hospitalidades e até a membros de comissões técnicas. Dez ingressos, inclusive, eram reservados as integrantes da comissão técnica da seleção brasileira.
 
Segundo Polícia Civil, a quadrilha vendia ingressos por até R$ 35 mil. Com isso, lucrava até R$ 1 milhão por jogo. Na Copa, o grupo poderia faturar R$ 200 milhões.
 
A polícia informou que o esquema não é novo. Ele funcionava há quatro Copas. O trabalho seria tão lucrativo que integrantes da quadrilha trabalhariam durante o torneio e depois descansariam por quatro anos até o próximo Mundial.
 
Suspeitos presos e Whelan negam que cometeram qualquer crime. A Match, aliás, divulgou um comunicado na quarta-feira criticando o trabalho da Polícia Civil do Rio de Janeiro e declarando que a prisão do seu diretor executivo foi "ilegal e arbitrária". 
 
Match alega desconhecimento da polícia
 
Em carta enviada à imprensa nesta quinta-feira, a Match voltou a dizer que a operação da Polícia Civil é consequência de desconhecimento. O tom é similar ao que a empresa havia adotado no primeiro posicionamento oficial sobre a prisão de Whelan.
 
"A 18ª Delegacia de Polícia Civil do Rio de Janeiro não é expert na venda de ingressos de hospitalidade da Fifa. Uma releitura sobre o modelo de comercialização, disponível no site da Fifa, teria alertado sobre a diferença entre ingressos e pacotes de hospitalidade", escreveu a Match.
 
O documento é descrito como uma explicação de Jaime Byrom, presidente da Match Services e da Match Hospitality, empresas que trabalham com a Fifa. O grupo detém exclusividade para comercialização de pacotes corporativos e camarotes em eventos realizados pela entidade esportiva.
 
A tese da Match é que Whelan realmente conversou com integrantes do grupo preso inicialmente pela Polícia Civil, mas fez isso para tentar vender pacotes de hospitalidade. De acordo com a empresa, isso justifica o preço (US$ 24,5 mil) que ele cobrava por um ingresso para a decisão da Copa.
 
"Longe de ajudar a incriminar o senhor Whelan, essas conversas mostram claramente uma discussão sobre possível venda de um produto de hospitalidade", completou.
 
Assim como havia feito no primeiro posicionamento oficial, a empresa disse nesta quinta-feira que a ação da Polícia Civil não tem base legal. No entanto, a Match fez elogios ao trabalho de algumas autoridades brasileiras envolvidas na operação.
 

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