Vexame na Copa do Mundo afeta até patrocinadores da seleção

Fernando Duarte

Do UOL, no Rio de Janeiro

A maior humilhação da história do futebol brasileiro não passou despercebida por quem aposta pesado no sucesso do time. Patrocinadores da seleção brasileira estão preocupados com os efeitos junto ao público da derrota de 7 a 1 para a Alemanha e estão preparados para "esfriar" a relação com a equipe nos próximos meses. O UOL Esporte apurou que pelo menos uma das 14 empresas patrocinadoras da CBF e uma das que há mais tempo tem parceria com e entidade, pretende reduzir substancialmente ações ligadas à seleção como forma de se "proteger" de uma associação negativa.

O fenômeno já foi perceptível logo depois dos eventos do Mineirão. Durante pelo menos 24 horas, apenas a Sadia tinha veiculado algum tipo de mensagem de apoio à equipe de Felipão, veiculando o slogan "Tamo juntinho" em jornais e na TV. Uma situação que sugere a falta de um plano B que pudesse lidar com o fato de a seleção ter sido eliminada levando a maior goleada de seus 100 anos de história e numa Copa realizada no Brasil.

"É muito comum que patrocinadores preparem material tanto para o caso de vitórias como o de derrotas, mas ninguém em sã consciência imaginava que a seleção seria humilhada dessa maneira. Há uma impressão de pânico generalizado e que ficar quieto é a melhor maneira de evitar exposição", disse ao UOL Esporte um executivo do ramo da publicidade, que pediu anonimato.

Um outro executivo ouvido pelo UOL levantou ainda a possibilidade de a Argentina ser campeã no domingo, o que poderia complicar ainda mais a estratégia dos patrocinadores. Mas o maior problema é mesmo o "risco" de a humilhação sofrida diante da Alemanha levar a discussões mais profundas sobre o futuro do futebol brasileiro ou mesmo a constatação de inferioridade da seleção brasileira diante dos rivais.

"Depois da Copa das Confederações, quando o público voltou a abraçar a seleção, esse resultado é preocupante porque uma discussão sobre o futuro da seleção pode complicar as campanhas. O momento é de cautela até que se possa medir a percepção do público sobre o que aconteceu", recomenda o executivo.

Especialistas em marketing esportivo, no entanto, não acreditam em risco imediato de cancelamento de contratos publicitários, não só porque a CBF é conhecida por exigir compromissos longos – alguns de seus milionários acordos com patrocinadores, por exemplo, só vencem em 2022 -, mas também porque grandes empresas tem uma relação estratégica com o futebol e por isso escolheram o maior símbolo do esporte no Brasil para despejar na CBF R$ 278 milhões no ano passado.

"Mas a pressão sem dúvida recai sobre a CBF agora que uma derrota tão acentuada virou uma discussão sobre o estado do futebol brasileiro e a entidade é a principal responsável pelo caos estrutural e mesmo o argumento de que a seleção escapava por ter os jogadores nos grandes clubes europeus para de funcionar. A marca da seleção desvaloriza", opina o consultor de marketing esportivo Amir Somoggi.

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