Polícia investiga quem facilitou fuga de executivo parceiro da Fifa
Vinicius Konchinski
Do UOL, no Rio de Janeiro
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Bruno Braz/UOL
Polícia procurou Raymond Whelan no Copacabana Palace, mas não o encontrou
O inglês Raymond Whelan, diretor executivo da Match Services, empresa parceira da Fifa na organização da Copa do Mundo, é considerado foragido da Justiça há mais de 72 horas. Acusado pelo MP-RJ (Ministério Público do Rio de Janeiro) de ser o líder da máfia do ingresso, ele está sumido desde a tarde de quarta-feira. E, para a Polícia Civil do Rio de Janeiro, há pessoas colaborando com sua fuga.
Justamente por isso, o delegado Fabio Barucke, titular da 18ª Delegacia de Polícia do Rio, abriu um inquérito sobre o assunto. Ele quer saber quem facilitou a fuga de Whelan na quarta-feira e quem está colaborando para que o paradeiro do executivo permaneça desconhecido há mais de três dias. "O crime seria favorecimento pessoal", disse Barucke.
Na tarde de quarta-feira, a Justiça decretou sua prisão preventiva de Whelan. Naquele momento, ele estava hospedado no Copacabana Palace, junto com a cúpula da Fifa. Minutos depois, deixou o hotel pela portas dos fundos, junto com o advogado Fernando Fernandes (veja vídeo abaixo).
Quando a polícia chegou para prender Whelan, ele já não estava mais no hotel. Desde então, a polícia faz buscas para encontrar o executivo.
A polícia suspeita que Fernando Fernandes e um funcionário do Copacabana Palace colaboraram com Whelan. Barucke informou neste sábado que os dois serão indiciados.
O advogado Fernando Fernandes declarou, por meio de sua assessoria de imprensa, que não fez nada de errado. Informou também que deve procurar a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) para falar sobre o inquérito. O órgão abriu um procedimento interno para apurar a postura de Fernandes.
Segundo o advogado, inclusive, Whelan está no Rio de Janeiro. Para ele, o executivo não pode ser considerado foragido pois teria uma decisão judicial a seu favor que impediria sua prisão preventiva. Polícia, MP-RJ e Justiça negam o impedimento.
O Copacabana Palace foi questionado pelo UOL Esporte sobre a fuga de Whelan no dia em que ela aconteceu. Informou não ter colaborado com a saída dele do hotel.
Operação Jules Rimet
A operação policial que desbaratou a quadrilha da qual Whelan é acusado de chefiar foi batizada de Jules Rimet, em alusão ao nome do primeiro presidente da Fifa. A ação é resultado de mais de um mês de investigações da Polícia Civil e MP.
Por causa da operação, Whelan chegou a ser preso pela Polícia, também no Copacabana Palace, na tarde de segunda-feira. Horas depois, recebeu uma habeas corpus, foi solto e voltou ao hotel.
Quase 200 ingressos da Copa já foram apreendidos pela polícia por causa da operação, além de dinheiro e máquinas para pagamento em cartão de crédito. Os bilhetes pegos pela polícia eram reservados pela Fifa a seus patrocinadores, a clientes de pacotes de hospitalidades e até a membros de comissões técnicas. Dez ingressos, inclusive, eram reservados à comissão técnica da seleção brasileira.
Segundo Polícia Civil, a quadrilha vendia ingressos por até R$ 35 mil. Com isso, lucrava até R$ 1 milhão por jogo.
A polícia informou que o esquema não é novo. Ele funcionava há quatro Copas. O trabalho seria tão lucrativo que integrantes da quadrilha trabalhariam durante o torneio e depois descansariam por quatro anos até o próximo Mundial.
Além de Whelan, 11 pessoas já foram presas. Ele dizem ser inocentes.
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