A união alegre, com embaixadinhas, sorrisos e descontração, deu lugar a um clima de velório, com caras fechadas, sisudez e desânimo. Até Neymar notou. Na mudança drástica na seleção após a goleada por 7 a 1 para a Alemanha, só quem salvou o clima brasileiro na Granja Comary foi a torcida.

Mesmo diante do maior vexame da história da seleção, dezenas de torcedores, em especial crianças e adolescentes, se aglomeraram na grade que divide o CT da seleção do condomínio vizinho. Sem se importar com a última exibição, o grupo exibiu faixas, pediu beijos, gritou e esperneou. Foi a única parte do roteiro de um treino do Brasil que não foi alterada pela derrota na semifinal.

A seleção não disfarçou o abalo emocional. No primeiro treino no gramado após o 7 a 1, os reservas trabalharam em um mini coletivo em metade do campo. Parte dos titulares, por sua vez, correu em volta dos gramados e ficou mais de uma hora fazendo embaixadinhas.

A impressão era de que todos haviam sido contagiados pela neblina que baixou em Teresópolis. As fotos e vídeos do treino mostram que é difícil pescar algum sorriso em campo. Mesmo as embaixadinhas ficaram mais sem graça, com menos passes mirabolantes. Até os petelecos na orelha, dolorida tradição para quem deixa a bola cair, foram mais discretos.

"A gente vai fazer de tudo para que possa devolver alegria ao povo. Se olhar para cada um você vê que o semblante é de tristeza, é um semblante chato. Espero voltara a sorrir. O que mais me deixou contente é que debaixo de chuva ali tem pessoas aplaudindo, gritando o nosso nome para que a gente possa voltar a ser feliz o mais rápido possível", disse Neymar.

O camisa 10 foi outra atração. Quando o treino se aproximava do fim, ele chegou de carro, parou o trabalho e foi cumprimentado por todos os colegas. Neymar, que terá entre suas missões alegrar o ambiente, viajará com o grupo até Brasília, onde o Brasil pega a Holanda neste sábado.