Itaquerão conta 120 cadeiras quebradas e já perde parte da arquibancada
Luís Augusto Símon
Do UOL, em São Paulo
O Itaquerão, antes mesmo do final da Copa, começa a se adaptar à realidade do futebol brasileiro, no qual, mesmo menor e mais luxuoso, será uma das 12 referências.
Uma análise parcial contabilizava a perda de pelo menos 120 cadeiras quebradas durante o jogo entre Argentina e Holanda. "Vai ter mais ainda, é uma pena", disse um funcionário da Tejofran, empresa responsável por logística, segurança e manutenção no estádio.
Na sexta-feira começa a retirada das arquibancadas provisórias do Itaquerão. São aproximadamente 19.800 mil lugares a menos no estádio, que abrigou públicos em torno de 63 mil pessoas durante a Copa. O prazo máximo para a retirada é de quatro meses.
O Itaquerão continuará sendo usado normalmente em jogos do Corinthians. O local das arquibancadas provisórias será isolado, com a ideia de que nenhum dano seja causado aos torcedores presentes aos jogos no período de desmontagem.
Na tarde chuvosa de quinta-feira um último jogo era realizado, antes da volta do Corinthians. Mas não havia ali nada do charme de Robben ou Romero, de Messi ou Van Persie. Eram apenas funcionários de empresas que trabalharam na construção do estádio.
O Centro de Imprensa, que reunia mais de 1.200 jornalistas a cada partida, já começou a ser desmontado. O enorme espaço será utilizado para estacionamento, o mesmo irá ocorrer com os centros de hospitalidade da Budweiser e da Coca Cola.
As tribunas de imprensa vão aumentar. Acomodarão em torno de 300 jornalistas, com rede sem fio e 4G. O estádio pretende continuar sendo uma referência nessa área.
"Bem que eles podiam doar essas televisões para nós", disse Edvaldo Luis, um dos funcionários que carregavam as televisões de plasma que ajudaram os jornalistas a acompanharem os jogos.
Os camarotes que foram utilizados pela Fifa e convidados davam a impressão de terem sido vítimas de um furacão: cadeiras empilhadas, funcionários carregando sofás e um abandonado menu de bebidas comprovava a vida boa dos convidados da Match, empresa que teve um de seus dirigentes presos por envolvimento em um sistema de venda de ingressos.
Ali, os gols e dribles vinham acompanhados por cinco tipos de champanhe francesa e dez de vinho, cinco tintos e cinco brancos. Dois deles, chilenos.
Fora do estádio, o luxo é bem menor. Algumas vans ofereciam cachorro quente e espetinhos. "Cheguei a vender 300 espetinhos nos melhores dias. Pena que a gente não podia trabalhar nos dias de jogos, mas agora vou procurar o Corinthians para ver se temos alguma chance de continuar por aqui", disse Vander Prado.
Ele aproveitava os últimos clientes. Visitantes que se despediam do Itaquerão. Argentinos, sempre cantando músicas de provocação a brasileiros, colombianos e peruanos tiravam fotos com o estádio ao fundo. "Somos do Peru e foi lindo participar dessa festa mundial. Tomara que a gente consiga estar na próxima Copa", disse Javier Pinto, junto com amigos.
Eles prometiam voltar caso o Sporting Cristal caísse no grupo do Corinthians em uma futura Libertadores. Mas isso é história para outra Copa.