Quem liga para 3º? Brasil e Holanda mostram melancolia de prêmio que sobrou

Do UOL, em São Paulo

  • Jefferson Bernardes/VIPCOMM

    Dois dias após ter sido goleada, seleção fez treino leve na Granja Comary. Afinal, quem pensa no jogo de sábado?

    Dois dias após ter sido goleada, seleção fez treino leve na Granja Comary. Afinal, quem pensa no jogo de sábado?

Afinal, quem liga para o terceiro lugar? Eliminados nas semifinais, Brasil e Holanda ainda têm um jogo pela frente na Copa de 2014 – as duas seleções vão se enfrentar no próximo sábado, às 17h, em Brasília. Só não peça que alguma delas veja aí uma chance de redenção. Para os times superados por Alemanha e Argentina, a reta final do Mundial tem sido de melancolia.

Não há exemplo melhor do que o Brasil. Eliminado pela Alemanha na terça-feira, quando foi goleado por 7 a 1, o time anfitrião fez apenas treinos leves nos dois últimos dias. Nesta quinta, apenas os reservas trabalharam com bola na Granja Comary, em Teresópolis (RJ), onde a equipe nacional está concentrada.

Entre atividades de regeneração e clima de tristeza, o protagonista do dia da seleção brasileira foi alguém que sequer estará em campo no sábado. Neymar, que fraturou uma vértebra nas quartas de final e está fora da Copa, voltou à concentração da equipe nacional. Coube ao dono da camisa 10 a função de ocupar a linha de frente após o fracasso.

"Eu não tenho vergonha de ser brasileiro. Não tenho vergonha. Fomos fracassados, sim, perdemos, mas é o que eu falei: perder e ganhar fazem parte do futebol. Só não queríamos perder dessa forma", disse Neymar em concorrida entrevista coletiva.

A conversa de Neymar com os jornalistas durou cerca de 40 minutos. Nesse tempo, o atacante admitiu que temeu consequências piores depois da entrada que levou do colombiano Zuñiga e reconheceu que o futebol praticado pela seleção na Copa foi decepcionante. Além disso, criticou a formação de atletas no Brasil e até o comportamento do empresário que trabalha com ele. Foi como um balanço sobre todo o Mundial, e o jogo de sábado esteve entre os assuntos menos abordados.

O retorno de Neymar serviu para blindar os outros jogadores e a cúpula da CBF (Confederação Brasileira de Futebol). O presidente da entidade, José Maria Marin, também viajou a Teresópolis nesta quinta-feira e se encontrou com o elenco. Publicamente, porém, a direção da instituição que comanda o futebol nacional ainda está em silêncio desde o revés de terça-feira.

O silêncio da CBF aumentou discussões sobre o futuro da seleção. Há debates sobre jogadores, formações táticas, convocações e treinadores que participarão do próximo ciclo. Nessa lista de preocupações com o que vai acontecer, a partida de sábado parece ser a menos importante.

Até o comportamento da Globo, principal emissora de TV aberta do país, tem mostrado isso. O canal encerrou o "Central da Copa", noticiário que vinha sendo veiculado no fim dos dias de jogos da seleção – a última edição foi realizada na terça-feira. Patrícia Poeta, que vinha apresentando o "Jornal Nacional" da Granja Comary, voltou na terça-feira à bancada. E Galvão Bueno, companheiro dela nas entradas ao vivo, só apareceu em comentários gravados.

Galvão, aliás, é um tema importante nessa discussão sobre o comportamento da Globo. A emissora chegou a anunciar na quarta-feira que ele não trabalharia no jogo da seleção contra a Holanda – seria a primeira partida do Brasil em Copa sem narração dele desde 1986. Nesta quinta, o canal mudou de ideia e confirmou a participação de seu titular, que também vai transmitir a decisão do Mundial.

O problema é que Galvão encontrará no sábado um duelo entre times frustrados. Assim como o Brasil, a Holanda não digeriu bem a eliminação nas semifinais da Copa, nos pênaltis, depois de empate sem gols com a Argentina.

"Perder nos pênaltis é como perder por 7 a 1", comparou o técnico da Holanda, Louis van Gaal, depois do jogo de quarta-feira. O revés praticamente encerrou as chances de um título mundial para a geração de Robben, Sneijder e Van Persie, todos com 30 anos.

Nesta quinta-feira, Van Gaal colocou a Holanda para treinar em São Paulo. Todos os jogadores – titulares, inclusive – trabalharam no estádio do Pacaembu. Foi quase uma penitência para o time eliminado nas semifinais.

"Eu acho que a disputa de terceiro lugar não devia existir. Tenho dito isso há dez anos, mas vamos ter de jogar. É injusto também porque temos um dia a menos para nos recuperar", disse Van Gaal sobre o duelo de sábado. Nos atuais climas de Brasil e Holanda, porém, a recuperação física é a que menos importa.

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