No Recife, maior legado da Copa espera licenças e só fica pronto em 2030

Carlos Madeiro

Do UOL, no Recife

  • Divulgação

    Cidade da Copa, que seria o maior legado no Recife, ainda espera licença ambiental para sair do papel

    Cidade da Copa, que seria o maior legado no Recife, ainda espera licença ambiental para sair do papel

Quando o Recife foi anunciado como cidade-sede da Copa do Mundo pela Fifa, em 2011, Pernambuco lançou aquele que foi considerado o mais ousado dos projetos entre as 12 sedes: construir um estádio no meio do nada, onde surgiria a Cidade da Copa, em São Lourenço da Mata, na região metropolitana do Recife. 

Dividido em quatro fases, o projeto deveria ter a primeira delas entregue junto com o estádio – e em paralelo ao mundial -, mas nem mesmo a licença ambiental e o decreto de transferência de posse do terreno para o Consórcio da Arena Pernambuco foram finalizados até agora.

O empreendimento é feito por meio de PPP (Parceria Público-Privada) e é tratado como principal legado da Copa em Pernambuco por abrir um novo eixo de desenvolvimento na zona oeste do Grande Recife. O custo total do projeto era estimado, no seu lançamento, em R$ 1,6 bilhão. A previsão de conclusão das obras é até 2030, caso as obras comecem no próximo ano --o que ainda não é confirmado.

Em 2012, o portal da Copa prometia a entrega de uma primeira fase da Cidade da Copa "até 2014", quando seriam construídos, além da Arena Pernambuco, a Arena Indoor, um hotel, uma universidade, a Praça de Celebração e restaurantes.

Nada além do estádio foi erguido. E os torcedores que foram a Pernambuco para assistir a jogos da Copa repararam nisso e criticaram bastante o descampado onde está a Arena Pernambuco.

Passados dois anos, a Copa do Mundo foi realizada com sucesso no Recife, mas a Cidade da Copa ainda é um projeto ousado, prometido, mas que não saiu do papel e não tem prazo para início das obras.

O projeto

Segundo a Secretaria Extraordinária da Copa, o projeto prevê a construção de 4.500 unidades habitacionais, parques, centro de convenções, shopping center, campus universitário, torres de escritórios e prédios públicos.

Segundo informou o órgão, o projeto aguarda a análise da licença ambiental pela Agência Estadual de Meio Ambiente. Apenas depois disso é que o governador do Estado deve sancionar o decreto que transfere a propriedade plena do terreno para o Consórcio Arena Pernambuco – a aprovação na Assembleia Legislativa ocorreu apenas no mês passado.

Após a fase estadual, o plano de ocupação ainda será submetido à apreciação da Prefeitura de São Lourenço da Mata para, então, o projeto imobiliário ser instalado num prazo de 25 anos.

Em nota enviada ao UOL, a Odebrecht Properties – que responde pelo consórcio –  se limitou a informar que "as obras de infraestrutura da Cidade da Copa estão dentro do cronograma" e que o projeto foi "concebido para ser a primeira smart city da América Latina, com conceito integral, contemplando moradia, trabalho, estudo e lazer, e deve ser desenvolvido ao longo de 15 anos."

O consórcio ainda confirmou que aguarda as licenças ambientais para seguir com o projeto, não apontando prazo para início ou finalização das obras.

Em visita a São Lourenço da Mata às vésperas do mundial, o UOL ouviu moradores, que demonstraram a frustração em ver o projeto não sair do papel. "Não mudou nada aqui. Eles vieram, fizeram o estádio lá na rodovia, e deixaram a cidade de lado. Aqui só existe falta de emprego", lamentou Eduardo Santos, 52, que é carregador de entulhos.

O prefeito de São Lourenço da Mata, Ettore Labanca (PSB), diz que acredita no projeto e ainda aposta nele como o grande legado da Copa. "O projeto é fantástico, trará enorme desenvolvimento para a cidade. A ideia foi muito boa porque todas as regiões da Grande Recife são contempladas por eixos de desenvolvimento, e aqui, no lado oeste, não tinha. Foi algo de visão", afirmou. 

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