Aos poucos, argentinos tomaram conta de bairro boêmio em SP após vitória

Vanessa Ruiz

Do UOL, em São Paulo

O dia amanheceu feio em São Paulo. Foram 27 dias de Copa do Mundo até que a chuva finalmente desse as caras na capital paulista em horário de jogo. Na Vila Madalena, zona Oeste da cidade, ela até que foi bem-vinda. É que o bairro reconhecido pela aptidão e gosto pela boemia anda meio cansado.

A chuva – e talvez um certo desânimo dos brasileiros provocado pelo desastre histórico do dia anterior – ajudou a atrair menos gente que em outros dias de partida. E eram poucos os argentinos para assistir à semifinal contra a Holanda.

Havia uma preocupação especial da Polícia Militar, responsável pelo policiamento na área, por causa da clássica rivalidade entre brasileiros e argentinos. Informalmente, PMs confessaram à reportagem do UOL Esporte que temiam pela animosidade que poderia se instaurar em consequência da mistura entre "vexame histórico do Brasil" no dia anterior e "classificação da Argentina para uma final de Copa no Maracanã", nesta quarta-feira.

Durante o jogo, no entanto, os argentinos mantiveram uma presença bastante discreta. A temperatura baixa era a desculpa para vestir blusões de frio sobre as camisas azuis e brancas. A maciça presença de brasileiros reforçava a torcida pela adversária Holanda em meio às provocações aos "hermanos" não tão irmãos assim. Ao menos não nesses momentos.

Logo no início do segundo tempo, por volta de 18h07, uma queda de energia elétrica na região do cruzamento mais cheio, o da rua Mourato Coelho com a rua Aspicuelta, veio fazer companhia à chuva. Quem optou por permanecer ali não conseguiu ver mais nada até o final do tempo regulamentar, a não ser os sortudos ocupantes de mesas de dois bares que tinham geradores. Houve também aqueles que se aglomeraram do lado de fora tentando captar alguns lances.

Um caminhão de serviço da Eletropaulo chegou à região cerca de meia hora depois, mas o fornecimento de energia foi restabelecido antes que os funcionários da empresa tomassem qualquer atitude. Quando começou a prorrogação, a chuva já tinha parado e a luz, voltado.

Os momentos de tensão em campo não foram sucedidos por uma explosão argentina com a vitória nos pênaltis. Não ali, pelo menos. Houve muita emoção, argentinos esfregando os olhos marejados como se não acreditassem. Mas o espírito de festa, mesmo, foi se criando aos poucos.

Nossa reportagem conversou com alguns argentinos que, de fato, só desceram para a Vila Madalena após a vitória. Uma hora depois do fim do jogo, a discrição já havia dado lugar à celebração.

Por volta das 21h, o major da Polícia Militar Marcelo Franciscon, responsável pelas cinco operações na Vila Madalena em dias de jogo do Brasil e da Argentina, já admitia que esta havia sido e continuaria sendo a noite mais tranquila. O contingente destacado, de 300 homens e mulheres, foi o menor até agora: "Acredito que a chuva tenha afastado as pessoas".

No final de semana de disputa do terceiro lugar e final, no entanto, a operação voltará a ter um contingente maior: cerca de mil PMs. E sem argentinos, já que muitos pretendem seguir para o Rio de Janeiro mesmo sem perspectiva de conseguir um ingresso para a partida derradeira com a Alemanha.

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