Em Berlim, alemães comemoram com Teló e Gustavo Lima e pedem Messi na final

Estefani Medeiros

Do UOL, em Berlim (ALE)

Nos alto-falantes da Fan Fest de Fifa em Berlim, "Ai Se Eu Te Pego", de Michel Teló, e "Balada", de Gustavo Lima, foram as escolhidas para cantar a vitória. Mas eram os alemães que estavam nas ruas comemorando. Quando o juiz apitou o final da partida desta terça (8), Berlim já estava em festa. Nas ruas próximas ao Portão de Brandemburgo, crianças, jovens e idosos dançavam. Gritavam "sete, sete, sete a um", como se não conseguissem acreditar no resultado da semifinal contra o Brasil. Alguns pediam desculpas aos brasileiros pela goleada.

A cidade amanheceu nublada e o dia foi marcado por chuvas intensas, que ameaçaram acabar com exibições ao ar livre. Mas no fim da tarde, o clima melhorou e as bandeiras dos dois países começaram a colorir o dia cinzento e tomar as ruas em direção ao maior ponto de encontro da Copa na cidade. O clima era amigável, e muitos dos torcedores vestiam acessórios, camisetas ou pinturas de rosto que misturavam as duas bandeiras.

Mas logo nos primeiros minutos de jogo, o atacante Thomas Müller fez o primeiro gol. Daí para o segundo tempo, os gritos de "tor" ('gol' em alemão) ficaram cada vez mais intensos. Entre as cerimônias de comemoração, o costume é cantarolar o sobrenome de cada jogador que fez o gol repetidas vezes. Dá pra imaginar como foi a lista no fim do jogo.

Como as camisetas do Brasil estavam cada vez mais raras em meio ao rubro negro alemão, alguns torcedores procuravam brasileiros para provocar e tirar fotos. "Mas é claro", disse Lahiro Sulaiman, com um debochado sorriso de canto. Apesar da camisa verde e amarela com o número 10, ele e o amigo que o acompanhava são do Sri Lanka.

"Acho que combinamos com o Brasil, parecemos brasileiros e temos muitos amigos com boas energias que são de lá. Também somos fãs do Neymar, ficamos tristes com a lesão", completa. Durante a entrevista vieram dois gols seguidos, e com eles, o arrependimento. "Ainda bem que trouxe uma troca de roupa", comentou entre risos.

Duas meninas, alemãs, também se arriscaram na brasilidade. Vestidas com camisas da seleção, elas estavam com os cabelos cacheados e cheios, pintados de preto. O bronzeamento levemente artificial criava um contraste com os olhos azuis. Mas o jogo era mais um pretexto para encontrar torcedores. "Vocês são brasileiras?", a reportagem pergunta em inglês. Elas dizem que sim. Se falam português? "Não, espanhol". Antes da terceira pergunta elas são interrompidas por cantadas, não querem mais conversa.

Sozinho, perto do telão, o estudante Tenese Miguel assistia ao segundo tempo enrolado por uma bandeira do Brasil. Mas nasceu na República Dominicana e está na Alemanha só de férias. "Gosto muito do Brasil, torço pela América Latina. Além disso, estou aqui faz alguns dias e não tive boas experiências com a receptividade dos alemães, eles são meio difíceis", desabafou. "Meu amigo desistiu e foi embora no intervalo. Vou ter que guardar a bandeira no bolso para voltar, é mais seguro", brinca.

Um dos poucos brasileiros que ficaram depois da partida acabar era Bruno Clementino, de Fortaleza, que estuda na Itália e decidiu visitar a capital alemã pela primeira vez para ver a semifinal. "Estou anestesiado, nem sei o que dizer. Sou fã de futebol desde pequeno. Lembro da Copa de 50, quando o Barbosa foi considerado o culpado da derrota por perder o gol para o Uruguai, ele morreu com essa culpa. As pessoas esquecem que futebol é só um esporte. A seleção ainda tem muito o que crescer, não é metade do time que tínhamos nas outras Copas, com Rivaldo, Ronaldo, Romário. Só sinto pela festa, ia ser bonito de ver o Brasil comemorando com essa alegria daqui hoje. Nunca vou esquecer desse dia."

O alemão Johannis Becker, 37, ficou feliz com a vitória, mas confessa que não esperava tanto. "O Brasil tomou dois gols e se perdeu completamente no jogo, desconcentrou. A Alemanha percebeu isso e em oito minutos matou a partida com o Kroos chegando. Agora é pensar na final."

Na volta para a casa, "finale, oh oooh oh", era cantada pelos torcedores que afogaram a felicidade na cerveja, alguns já ensaiando o "We Are The Champions". Os metrôs exibiam 7x1 contra o Brasil até na tela que mostra o trem que está chegando. Dois alemães comemoravam a vitória e me provocavam: "Ei, você. Futebol é um esporte de equipe. Quando você trabalha como um time, não perde como um jogador. Se o Neymar estivesse no jogo, ok, ele poderia fazer dois gols. Vamos ser legais e dizer que seria 5 a 3. Finaleeee. Nos tragam o Messi!".
 

Veja também



Shopping UOL

UOL Cursos Online

Todos os cursos