Derrota do Brasil foi "orgasmo de gols do ano", diz jornal alemão
Marcio Damasceno
De Berlim para a BBC Brasil
A goleada da Alemanha sobre o Brasil por 7 a 1 deixou os alemães orgulhosos com o desempenho de sua equipe e atônitos com o resultado elástico.
"Existem dias em que a gente simplesmente não consegue explicar certas coisas", disse Béla Réthy, narrador do jogo na transmissão da emissora estatal alemã ZDF, logo depois que o sétimo gol da Alemanha estufou a rede do goleiro Júlio César.
Os alemães ficaram perplexos com o resultado inesperado, com a facilidade com que os alemães "passearam" em campo e com falta de resistência da seleção brasileira.
"Uma noite histórica", completou Réthy, dizendo estar "com pena" dos brasileiros. Tanto que, no único gol brasileiro, convertido por Oscar, veio o desabafo "Graças a Deus".
O tabloide Bild, sempre bem-humorado, estampou ainda no intervalo do jogo em sua página "Torgasmus des Jahres", juntando as palavras alemãs "Tor" e "Orgasmus" para formar um trocadilho e a manchete "Orgasmo de Gols do Ano".
"O milagre de Belo Horizonte", era o título da página do jornal Die Welt, em referência ao "milagre de Berna", que é como os alemães apelidaram a vitória de 3 a 2 contra a Hungria, na final de Copa do Mundo de 1954.
O diário aponta o que acredita ser o principal culpado: "O treinador brasileiro Scolari fracassou redondamente". "A amplitude do desastre ultrapassa qualquer poder de imaginação. Essa vergonha vai acompanhar os jogadores pelo resto da vida. O culpado é sobretudo o treinador Scolari", sentencia a publicação.
O site da revista Focus atribui o resultado mais à força do futebol alemão do que às falhas da equipe brasileira. "7 a 1: Time alemão inacreditável faz Brasil em pedaços sem dó nem piedade", intitula a publicação. "Com esse resultado, temos que olhar duas vezes para ver se é mesmo verdade", afirma.
Muitos torcedores alemães mals conseguiam acreditar no que viam. "É ridículo o que aconteceu com o Brasil", disse à BBC Brasil o berlinense Matthias Lehmphul.
Ele não atribui a derrota para os alemães à falta de Neymar ou ao estado psicológico da equipe brasileira. "A seleção estava muito mal preparada", avalia.
"A saída do Neymar só foi algo que apenas expôs ainda mais o despreparo do time", argumenta.