Polícia prende diretor da Match por máfia de ingressos da Copa do Mundo
Bruno Braz e Vinicius Konchinski
Do UOL, no Rio de Janeiro
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Vinicius Konchinski
CEO da Match, Ray Whelan chega à delegacia após ser preso no Copacabana Palace
Em ação realizada no hotel Copacabana Palace, a Polícia Civil do Rio de Janeiro prendeu nesta segunda-feira Raymond Whelan, de 64 anos, CEO da Match, empresa que detém exclusividade para venda de pacotes e camarotes da Fifa. Ele é apontado como elo entre a entidade e uma organização que desviava e comercializava ingressos da Copa do Mundo - captadas em gravações autorizadas, centenas de ligações telefônicas comprovam vínculo entre o executivo e o franco-argelino Lamine Fofana, integrante da quadrilha, que foi preso na semana passada.
Whelan foi detido no hotel, deixou o local pelos fundos e tem mandado de prisão temporária de cinco dias, com possibilidade de prorrogação por mais cinco, por infringir o artigo 41-G do Estatuto do Torcedor ((Fornecer, desviar ou facilitar a distribuição de ingressos para venda por preço superior ao estampado no bilhete). Ele será levado para o Complexo Penitenciário de Gericinó, na zona oeste do Rio de Janeiro, e posteriormente será encaminhado ao Complexo Penitenciário de Bangu. A Polícia Civil também cumpriu mandado de busca e apreensão no quarto em que o executivo está hospedado, e foram apreendidos cerca de cem ingressos.
O CEO da Match não é um funcionário da Fifa, mas tem ligação estreita com a entidade. A empresa que ele comanda é a única responsável por venda de camarotes e pacotes corporativos. Além disso, detém exclusividade em aspectos como credenciamento de hotéis para competições.
Uma das acionistas da Match é a Infront Sports & Media, empresa presidida por Phillip Blatter, sobrinho de Joseph Blatter, que é presidente da Fifa. A companhia dele detém 5% da responsável pela venda de pacotes corporativos.
A proximidade da Match com a Fifa, contudo, vai muito além disso. Whelan foi porta-voz da entidade em todas as entrevistas coletivas sobre venda de ingressos corporativos e camarotes para a Copa do Mundo. Desde que a operação da Polícia Civil explodiu, é a entidade que tem respondido sobre acusações à empresa.
A prisão de Whelan é uma evolução da operação "Jules Rimet", que foi deflagrada pela Polícia Civil do Rio de Janeiro na semana passada. A ação prendeu 11 pessoas suspeitas de integrarem uma quadrilha que desviava e comercializava ilegalmente ingressos para a Copa do Mundo de futebol. A iniciativa foi apoiada por Ministério do Esporte e Juizado do Torcedor.
A operação apreendeu mais de uma centena de ingressos para jogos da Copa do Mundo. Segundo a Polícia Civil, o esquema movimentava mais de R$ 1 milhão por jogo da competição e operou nas últimas quatro edições do certame.
Entre os presos estava Lamine Fofana, franco-argelino que foi apontado inicialmente como um dos chefes da quadrilha. Em gravações autorizadas, a Justiça captou centenas de ligações dele para um funcionário de alto escalão da Fifa ou da Match, empresa que detém exclusividade da entidade para revenda de pacotes de ingressos e camarotes para a Copa.
Esse funcionário é Whelan, que foi identificado após depoimento de Fofana. Indagado pela Polícia Civil sobre a origem dos ingressos que ele comercializava, o franco-argelino respondeu que as entradas vinham da Match Hospitality.