Após chuva de gols na 1ª fase, retrancas marcam quartas de final

Iain Rogers

Da Reuters, em Brasília

Depois da fartura de gols e das táticas ultra-ofensivas que permearam a primeira fase, as quartas de final da Copa foram, por outro lado, marcadas pela precaução e até mesmo pela agressão, com o anfitrião Brasil levando as regras do futebol ao limite para despachar a Colômbia.

Apenas cinco gols foram marcados em quatro jogos, sendo um deles de pênalti e o outro de falta, e a média de gols acabou caindo para 2,6 por jogo, ainda a maior desde os 2,7 gols por partida da Copa do Mundo da França de 1998, mas muito abaixo do recorde de 5,4 gols na Suíça em 1954.

A inevitável tensão da fase mata-mata fez com que os técnicos optassem pela defesa, e a vitória sem brilho do Brasil sobre a Colômbia por 2 x 1 foi um banho de água fria após os divertidos jogos da primeira fase, protagonizados por seleções que jogavam com ambição, estilo e entusiasmo.

A Colômbia, que havia jogado maravilhosamente bem até as oitavas de final, acabou sucumbindo diante do jogo físico do Brasil. Era claro que a ordem do treinador Luiz Felipe Scolari dada aos jogadores era ganhar a qualquer custo.

O comandante pareceu instruir os jogadores a cometer faltas como um recurso tático, em vez de tratá-las como um infrações às regras do jogo.

Os jogadores brasileiros cometeram 31 faltas e o árbitro espanhol Carlos Velasco Carballo esperou até metade do segundo tempo até mostrar o primeiro cartão amarelo, para o capitão Thiago Silva, suspendendo-o da semifinal terça contra a Alemanha.

O jogo também ficou marcado pela lesão de Neymar, que sofreu uma fratura de vértebra após chegada feia do defensor colombiano Juan Zúñiga, e agora o Mundial está privado de um de seus mais promissores atacantes.

O lado negro da partida em Fortaleza ofuscou a linda cobrança de falta do zagueiro David Luiz, que determinou a vitória brasileira.

"O jeito sul-americano é 'ganhar a todo custo'", disse o ex-lateral da seleção inglesa Danny Mills à BBC.

"Como jogador profissional, o atleta não se importa quando as pessoas dizem que você venceu de maneira feia."

"Deixar esse gosto ruim na boca das pessoas não é problema. Eles irão trapacear e burlar as regras se for necessário."

Duelo mais 'domado'

O duelo de quartas de final entre os dois pesos-pesado europeus Alemanha e França acabou sendo muito mais calmo, com os alemães abrindo placar cedo com Mats Hummels e se contentando em fechar a defesa para não sofrer o empate sob o forte calor vespertino do Rio de Janeiro.

A França havia chegado à fase mata-mata depois de marcar cinco gols na Suíça e três em Honduras, mas desta vez no Maracanã quase não se viu o poderio ofensivo dos Les Bleus.

O confronto deste sábado entre Argentina e Bélgica seguiu roteiro semelhante, com os sul-americanos abrindo o placar aos oito minutos de partida com Gonzalo Higuaín e mostrando pouca determinação para matar o jogo com um segundo gol.

O time de Alejandro Sabella, desesperado para chegar às semifinais pela primeira vez desde 1990, adotou um esquema inteligente de jogo em Brasília e acabou sobrevivendo a alguns sustos dos belgas ao final do jogo. Agora, os argentinos encaram a Holanda na semifinal.

Vice em 2010, a Holanda, que se vingou da Espanha arrasando a Roja com o 5 x 1 no jogo inaugural do grupo B, não conseguiu furar a retranca da Costa Rica, surpresa da Copa.

Os costarriquenhos poderiam ser os primeiros da América Central a chegar a uma semifinal de Copa, mas acabaram optando pela cautela em vez do interessante futebol que ganhou adeptos nesta Copa do Mundo.

No fim, o goleiro Tim Krul, que veio do banco de reservas, despachou os latinos e colocou os holandeses no top 4 da Copa.

A partida pôs em evidência o fato de que esquemas táticos defensivos triunfaram. Também pudera, com a Copa do Mundo em seus momentos finais, há muito em jogo e ninguém quer perder. Deve ser essa a tônica das semifinais.

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