Nem precisava ser a Shakira para ser bem recebido na Fan Fest de São Paulo. Os brasileiros foram todos sorrisos aos colombianos presentes, pediram para tirar foto, mas a simpatia não livrou os torcedores rivais de ouvir muitas provocações. Teve até gente passando bilhetinho explicando o caminho do aeroporto.

Mesmo com o Vale do Anhangabaú lotado, os colombianos conseguiram formar um grupo com cerca de cem pessoas. Morador de Bogotá, Alejandro Martin, 30 anos, explicou que ninguém combinou nada, apenas foram se encontrando. Lógico que eles não eram os únicos vestidos de amarelo.

Havia brasileiros de todos os tipos: caras sem camisa mostrando o resultado de meses de academia; mulheres com o tamanho do decote inversamente proporcional ao do shortinho, gente com as cores do clube do coração; e crianças reclamando que não conseguiam ver o telão. Mas o mais comum eram torcedores usando camisas da seleção principalmente com o nome de Neymar nas costas.

Essas pessoas cercaram o grupo de colombianos e os dois tempos do jogo foram distintos. No primeiro, os brasileiros gritaram "no no puede" quando Thiago Silva marcou. Cuadrado ganhou um coro com o mesmo xingamento direcionado a presidente Dilma na abertura da Copa. A torcida adversária só abria a boca para falar "Brahma" e chamar o vendedor de cerveja.

Na volta do intervalo o clima era o mesmo e a Colômbia era considerada passado para os brasileiros que gritavam "ô Argentina pode esperar, a tua hora vai chegar". A situação mudou com o pênalti e foram os donos da casa que fizeram silêncio.

A partir deste momento os colombianos falaram o que quiseram sem serem contestados. Gritos comuns em estádios se seguiram enquanto os brasileiros só se manifestavam quando a zafa afastava a bola para longe do gol de Júlio César.

O apito final trouxe alívio para a maior parte das pessoas que vestia amarelo. Os colombianos se dividiram em dois  grupos. Uma pequena parte chorou enquanto os demais cantaram "muchas gracias Colômbia". O coro seguinte foi "Brasil Campeão", maneira que encontraram para selar a paz e deixar a rivalidade durante o jogo para trás.

O alemão Thomas Brenneisen, 29 anos, não estava nem aí para nada. Ele curtia o sentimento de dever cumprido e não queria pensar no futuro. "Os últimos 10 minutos não passavam nunca, mas agora é aproveitar o momento". Os amigos estavam na mesma vibe. Já os franceses não foram vistos.