Antes de pensar na semi, dúvidas sobre escalações unem Brasil e Alemanha
Do UOL, em São Paulo
Brasil e Alemanha já asseguraram presença entre os quatro melhores times da Copa de 2014. Contudo, isso não quer dizer que não tenham problemas. Dias antes de se enfrentarem pelas semifinais do Mundial, as duas seleções enfrentam dúvidas e discussões sobre suas escalações.
No Brasil, o problema mais premente é a substituição de Neymar. O camisa 10, artilheiro e principal arma ofensiva da seleção, sofreu fratura em uma vértebra no confronto com a Colômbia e está fora da Copa.
A lesão de Neymar torna ainda maior a dúvida do técnico Luiz Felipe Scolari sobre o ataque da seleção brasileira. Com Fred em baixa, o comandante já havia testado em treinos antes da partida contra a Colômbia uma formação com o camisa 10 isolado na frente.
O ataque, contudo, não é o único problema que Scolari tem de resolver para a semifinal da Copa. Ele também precisa definir a dupla de volantes que vai enfrentar a Alemanha – Luiz Gustavo, titular do setor, estava suspenso e não jogou contra a Colômbia.
Com Fernandinho e Paulinho, o Brasil aumentou consideravelmente os números defensivos do meio-campo. O time de Scolari fez 31 faltas contra a Colômbia (a média das quatro partidas anteriores era 16,25). Além disso, foram 32 desarmes (a seleção tinha acumulado 50 em toda a Copa).
O jogo contra a Colômbia foi o recorde negativo de passes do Brasil na Copa de 2014 (369), mas a seleção teve uma proporção maior de toques curtos do que havia registrado contra o Chile e aumentou de 68% para 72% o índice de acerto nesse fundamento.
O Brasil de Fernandinho e Paulinho, portanto, fez mais faltas, desarmou mais, usou menos lançamentos e foi mais eficiente ao tocar a bola.
Contra o Chile, nas oitavas de final, o Brasil teve Luiz Gustavo e Fernandinho como volantes. A seleção registrou o menor índice de passes certos na Copa (68%) e teve menos posse de bola do que o rival (49%, o que também é o número mais baixo do time no Mundial).
Nos três primeiros jogos da Copa, a dupla de volantes havia sido formada por Luiz Gustavo e Paulinho. Nessas partidas, chamou atenção o desempenho ruim do camisa 8 – contra Camarões, por exemplo, ele distribuiu apenas nove passes e só fez um desarme.
Alemanha também tem indefinições na escalação
Só que o Brasil não é o único time que não sabe que escalação usar na semifinal. E as dúvidas da Alemanha passam exatamente pelos mesmos setores: o ataque e a contenção no meio-campo.
No ataque, a discussão na Alemanha é sobre a existência de um centroavante fixo. Nas quartas de final, os germânicos usaram Klose na frente. Nos quatro jogos anteriores, Müller havia atuado como "falso 9".
Entretanto, o maior debate na Alemanha é sobre o meio-campo. E tudo por causa do posicionamento de Lahm, que foi volante nos quatro primeiros jogos da Copa e lateral direito contra a França.
"Os atletas não ficaram surpresos com essa mudança. Eles sabem que temos uma variedade de estratégias. Sempre disse que eu vou fazer mudanças quando tiver um pressentimento de que essa é a coisa certa", disse o técnico Joachim Löw em entrevista coletiva.
A escalação de Lahm como lateral abriu caminho para a dupla de volantes formada por Khedira e Schweinsteiger contra a França. "Quando analisei a França, vi que eles têm zagueiros muito grandes e um meio muito forte. Decidi usar as pontas, e por isso coloquei Lahm na lateral", explicou Löw.
A Alemanha é o time que mais troca passes na Copa do Mundo, e isso não mudou com Lahm na lateral. O time de Löw tentou 3.577 toques desde o início do torneio, com índice de 82% de eficiência.