Júlio César pode ser um herói, mas goleiro colombiano brilhou mais na Copa

Danilo Valentini

Do UOL, em São Paulo

  • Reuters/AFP

    Júlio César e Ospina têm números opostos nos dados estatísticos da Fifa

    Júlio César e Ospina têm números opostos nos dados estatísticos da Fifa

A precisão (e as saídas adiantadas) que permitiram Júlio César a defender duas cobranças na disputa por pênaltis contra o Chile pode ter sido muito importante para a seleção brasileira e seus torcedores. Porém, avaliando as estatísticas da Fifa, o goleiro colombiano David Ospina foi uma "muralha" muito mais eficiente ao longo da Copa que seu rival brasileiro. 

Ospina, que levou dois gols nos quatro jogos feitos pela Colômbia até aqui (Júlio César levou três pelo Brasil), é um dos goleiros com as estatísticas mais destacadas, mesmo que as atuações mais vistosas e comentadas tenham ficado para outros arqueiros, como o americano Tim Howard e o mexicano Guillermo Ochoa.

O camisa 1 colombiano, por exemplo, tem um índice de 90% de defesas dos arremates a qual foi submetido, maior do que o de Howard (82,4%) e Ochoa (76,9,%), e muito maior dos dados de Júlio César (66,7%). Ospina tem números, neste quesito, menor que o costarriquenho Keylor Navas (87,5%).

Na comparação com Júlio César, Ospina também aparece com números destacados em outros itens de análise, como na quantidade de vezes a que foi submetido a uma chance clara de gol contra sua equipe. O goleiro colombiano fez quatro defesas em chances consideradas claras dentro dos critérios da Fifa, contra duas do brasileiro.  Howard fez e o chileno, Claudio Bravo, somou incríveis dez.

Bravo, aliás, é uma boa referência na análise dos goleiros da Copa do Mundo de 2014. Mesmo tomando mais gols que o colombiano e o brasileiro (quatro), o chileno obteve a maior média de notas concedida pela Fifa e por um de seus patrocinadores para cada jogo da competição. O novo goleiro do Barcelona obteve nota 9,26, superando Ospina (8,75) e Júlio César (6,46).

As defesas nas cobranças de Pinilla e Alexis Sánchez, que garantiram ao time brasileiro a vaga nas quartas de final, porém, renderam a Júlio César o prêmio de melhor do jogo, algo que alguns dos seus colegas que tiveram grande performance e melhores dados estatísticos ainda não conseguiram. O próprio colombiano Ospina, que ficará cara a cara com o camisa 12 da seleção ao final da execução dos hinos nacionais, não foi honrado com o prêmio.

Mas, se as estatísticas deixam Júlio César muito atrás de seus companheiros de posição, sua atuação no momento decisivo do confronto das oitavas de final contra o Chile o 'colocaram' definitivamente como um dos goleiros do Mundial a serem respeitados. Autor de uma defesa importante nos últimos instantes do tempo regulamentar, o homem de confiança de Felipão, convocado nove meses antes da Copa mesmo sem ter, naquele momento, um clube para jogar, mostrou que ainda pode ser decisivo a favor do Brasil.

Júlio César e Ospina, entretanto, não têm apenas diferenças. O momento profissional de cada um fora de sua respectiva seleção os aproxima. Enquanto o brasileiro chegou à Copa do Mundo com contrato vencido com o Toronto FC e com a possibilidade de voltar a jogar pelo Queens Park Rangers, clube inglês que defendeu entre as temporadas 2012-13, o colombiano também deve trocar de clube ao término do Mundial.

Formado nas categorias do Atlético Nacional, de Medellín, Ospina, de 25 anos e 1,83cm de altura, jogou na equipe profissional entre 2005-08, quando se transferiu para o Nice, da França. Na imprensa francesa, são fortes os rumores de que o goleiro vá para um clube de outro país europeu para a temporada 2014-15.

Vaivém

Já Júlio César, que fez carreira no Flamengo desde a infância e atuou por sete temporadas na Inter de Milão, viu sua trajetória entrar em descendente após a Copa do Mundo de 2010, quando foi apontado como um dos vilões pela eliminação do Brasil nas quartas, ao se atrapalhar com Felipe Melo na saída do gol que acabou no empate da Holanda, que viraria a partida e avançaria às semifinais.

Rebaixado com o Queens Park Rangers ao final da temporada 2013, Júlio César ficou sem jogar e precisou treinar sozinho para manter a forma até arrumar um time para jogar. No caso, o inexpressivo clube canadense, que disputa a liga norte-americana (MLS).

Com a visibilidade positiva até agora na Copa do Mundo, Júlio César entra no jogo desta sexta sabendo que, a partir de agora, quanto mais for longe com a seleção brasileira, mais sua carreira terá chances de estender em um clube e um campeonato de maior expressão, mesmo aos 34 anos.

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