Ingresso de filho de cartola argentino está entre os apreendidos com máfia

Do UOL, em São Paulo

Um ingresso registrado em nome do filho do presidente da Associação de Futebol da Argentina (AFA) foi encontrado entre os mais de cem apreendidos pela polícia com mafiosos que organizaram um esquema para a revenda de entradas da Copa do Mundo.

Humberto Mario Grondona, filho de Julio Grondona, era o titular de uma entrada para o jogo entre Argentina e Suíça, disputado na última terça-feira no Itaquerão, em São Paulo. Ele faz parte da delegação argentina que está hospedada em Belo Horizonte, além de ser técnico da seleção sub-20 e também instrutora da Fifa.

A foto do ingresso foi publicada por um jornalista argentino, Andrés Burgo. Humberto Grondona falou por telefone ao canal TyC Sports e se defendeu dizendo que vendeu os ingressos a um amigo, que ele se recusou a dizer nome. "Não posso dizer quem é", disse.

"Eu sou instrutor da Fifa e tenho quatro entradas para o primeiro jogo, quatro para o segundo, quatro para o terceiro, quatro para as oitavas, quatro para as quartas, duas para as semifinais e duas para a final e comprei todas por mais de 9 mil dólares. Tenho um amigo, que é muito conhecido na Argentina, que queria vir e vendi a ele alguns ingressos. Ele, por sua vez, deu ingressos a outro amigo. Agora, o que fizeram com as entradas, eu não sei", disse Humberto.

O filho do cartola disse que não está envolvido com a máfia de revenda dos ingressos. "Mas vocês acham que eu poderia me sujar por 220 dólares. De onde aparecem esses ingressos? A verdade, querido, de onde surgiram essas entradas, eu não sei. Eu atuo de boa fé", afirmou.

Operação Jules Rimet

A operação que prendeu Fofana e outros dez suspeitos foi batizada de Jules Rimet, em alusão ao nome do primeiro presidente da Fifa. Ela é resultado de pelo menos um mês de investigações da polícia e Ministério Público.

Mais de cem ingressos foram apreendidos na ação, além de dinheiro e máquinas para pagamento em cartão de crédito. Os bilhetes pegos pela polícia eram reservados pela Fifa a seus patrocinadores, a clientes de pacotes de hospitalidades (camarotes) e até a membros de comissões técnicas de seleções. Dez ingressos, inclusive, eram reservados as integrantes da comissão técnica da seleção brasileira.

Segundo Polícia Civil, a quadrilha vendia ingressos por até R$ 35 mil. Com isso, lucrava até R$ 1 milhão por jogo. Na Copa, o grupo poderia faturar R$ 200 milhões.

Suspeitos presos informaram à polícia que o esquema não é novo. Ele funcionava há quatro Copas. O trabalho seria tão lucrativo que integrantes da quadrilha trabalhariam durante o torneio e depois descansariam por quatro anos até o próximo Mundial.

Todos os presos vão responder pelos crimes de lavagem de dinheiro, associação criminosa e cambismo. Podem ser condenados a até 18 anos de prisão.

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