Polícia vê ligação de máfia de cambistas com Fifa e quer prender mais sete

Vinicius Konchinski

Do UOL, no Rio de Janeiro

  • Divulgação/Polícia Civil

    Operação Jules Rimet apreendeu ingressos e dinheiro no Rio de Janeiro e São Paulo

    Operação Jules Rimet apreendeu ingressos e dinheiro no Rio de Janeiro e São Paulo

A Polícia Civil do Rio de Janeiro deteve na terça-feira 11 suspeitos de integrar uma quadrilha internacional especializada na venda ilegal de ingressos de Copas do Mundo. No entanto, nem todos os membros desses grupo foram presos. Pelo menos mais sete suspeitos ainda estão na mira de policiais cariocas. Segundo investigações, alguns desses suspeitos devem ser membros da própria Fifa.

Apuração realizada por policiais da 18ª Delegacia de Polícia do Rio de Janeiro levantaram fortes indícios de que pessoas ligadas à entidade máxima do futebol colaboram com o esquema irregular de comercialização de bilhetes do Mundial. De acordo com o delegado Fábio Barucke, chefe da delegacia, boa parte dos tíquetes vendidos pela quadrilha de cambistas são obtidos no hotel em que dirigentes da Fifa estão hospedados no Rio, o Copacabana Palace.

"Temos elementos suficientes para entender que há pessoas da Fifa envolvidas", disse Barucke. "Membros da quadrilha presos recebiam pedidos de ingressos, entravam no Copacabana Palace e saiam com as entradas encomendadas."

Foi Barucke também quem disse que os 11 presos na terça não são todos os membros da suposta quadrilha. "Sabemos que há mais sete pessoas envolvidas", afirmou o delegado. "Sabemos o que eles fazem, qual é a função deles. Só não temos ainda a identificação completa de todos. Por isso, eles não foram presos ainda."

Os suspeitos que já foram presos são dez brasileiros e um argelino, Mohamadou Lamine Fofana. Fofana identificou-se como empresário do futebol.

Eles foram detidos em São Paulo e no Rio de Janeiro. Com eles, foram apreendidos mais de cem ingressos da Copa e dinheiro. Todos afirmaram que só vão se pronunciar em juízo.

Os ingressos pegos com os suspeitos eram os reservados pela Fifa a seus patrocinadores, a clientes de pacotes de hospitalidades (camarotes) e até a membros de comissões técnicas de seleções. Dez ingressos, inclusive, eram tíquetes reservados a integrantes da comissão técnica da seleção brasileira.

A CBF afirmou que ainda não foi notificada do incidente, mas prometeu apurar o caso. Segundo a entidade, seus ingressos não estão discriminados nominalmente, mas existe o controle numérico de quem recebeu qual entrada. O UOL Esporte apurou que, além de jogadores e comissão técnica, funcionários e representantes de federações estaduais ganharam ingresso da confederação.

Já a Fifa ainda não se pronunciou sobre o caso. Questionada na manhã de terça-feira, em entrevista coletiva, a porta-voz da entidade, Delia Fischer, disse que a Fifa desconhecia a investigação policial. Mais tarde, a Fifa foi novamente questionada por e-mail. Manteve a posição.

"Como até o momento a Fifa ainda não foi contatada pelas autoridades locais nem recebeu informações oficiais sobre o assunto, não estamos em posição de fazer qualquer comentário por enquanto", declarou a entidade.

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