Colômbia, seleção 'cafetera', pega Brasil para se provar time copeiro

Adriano Wilkson e Felipe Pereira

Do UOL, em São Paulo

A seleção colombiana que enfrentará o Brasil na sexta-feira, pelas quartas de final da Copa, não é conhecida como "cafetera" por acaso. A produção e exportação desse grão é tão importante para o país que o café virou questão de identidade nacional. Nesse campo especificamente, a Colômbia tem feito um duelo franco com os cafeicultores brasileiros, que, apesar de manterem o "título" mundial de exportação do produto, veem os rivais dominarem os nichos mais exigentes de apreciadores da bebida.

Em meados do século passado, o país começou uma política de desenvolvimento do café, que aliada a uma intensa campanha de marketing, permitiu aos colombianos disputar de igual para igual o mercado com os produtores brasileiros. O programa foi tão bem sucedido que hoje a Colômbia está em terceiro lugar no ranking mundial de produção de café, atrás somente do próprio Brasil e do Vietnã.

Mas além das questões puramente econômicas, o café passou a identificar o colombiano, e a seleção "cafetera" tem um papel nisso, como explica Luis Fernando Sampes, o gerente de comunicação e mercados da Federação Nacional de Cafeicultores da Colômbia.

"Nos sentimos muito orgulhosos que a seleção de futebol seja vista como a seleção cafetera porque isso reflete os valores da produção do café nos jogadores. Eles são jovens, muito profissionais, trabalham duro, são dedicados e disciplinados. São valores que sempre buscamos na produção de café", disse ele.

A partir da década de 1950, a Colômbia passou a exaltar o caráter artesanal de sua produção e criou o personagem Juan Valdez, um agricultor simplório, afável e risonho, que vive nas montanhas, para levar a marca do produto para o mundo.

Isso contrastava com a colheita mecanizada e "pasteurizada" do café brasileiro.

"O Juan Valdez tem os valores dos pequenos agricultores da Colômbia, que são pessoas familiares, afáveis e competentes. E o povo colombiano se identifica com isso. Por essas e por outros, ninguém se ofende e, pelo contrário, se orgulha de ser conhecido mundialmente como cafetero", afirma Sampes.

Nathan Herszkowicz, o diretor-executivo da Associação Brasileira da Indústria de Café, afirma que os brasileiros apenas assistiram ao crescimento e melhoramento da produção colombiana até a década de 1990, quando aí reagiram e implementaram mudanças em seus processos.

Entre os resultados desse duelo "cafetero" está o fato de que hoje, mesmo o Brasil produzindo e vendendo mais café, é a Colômbia que consegue vender o grão por um preço médio 10% maior.

Café com futebol

A relação entre o grão e seleção brasileira já foi enorme. Na década de 1980, o Instituto Brasileiro do Café era o principal patrocinador da CBF, que inclusive peitou a Fifa para ter um raminho de café no peito dos jogadores que disputaram os Mundiais de 82 e 86.

A seleção colombiana, apesar de ter café no apelido, nunca chegou a tanto.

"Preferimos nos vincular a esportes que tenham mais participação de mulheres, porque em geral é a mulher quem leva o café para casa", afirma Sampes. "Tivemos algumas ações ocasionais com o futebol no passado, mas nossa presença maior no marketing esportivo é com esportes como hipismo, pela questão da montanha, tênis, skate e outros."

Na sexta-feira, a seleção colombiana entrará em campo em Fortaleza para mostrar se o país, assim como nos campos do café, conseguirá fazer frente ao Brasil também nos de futebol.

A partida começará às 17h de sexta-feira e terá transmissão em tempo real do Placar UOL

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